A escravidão foi uma das páginas
mais tristes de nossa história. Na atualidade, associamos a escravidão aos
negros africanos e seus descendentes, mas também os índios foram vítimas dessa
chaga social.
Bororo |
Havia, porém, uma diferença sutil,
pouco conhecida: no século XVIII, os índios cativos não eram chamados “escravos”,
mas sim “administrados”, porque a Igreja proibia que os naturais da terra
fossem escravizados... Como os negros, os índios administrados também podiam
ser alforriados.
Para ilustrar essa situação,
transcrevemos dois registros de óbitos ocorridos em nossa cidade, o primeiro de 6 de outubro de 1771
(mantida a grafia original):
“(...) faleceo da vida presente
Patrício, forro, solteyro, Borórô, com os sacramentos da penitencia e extrema
unçam de idade de noventa annos pouco mais ou menos esta sepultado no adro
desta igreja, matriz de Jundiahy e fregues dessa freguesia e morador no bairro
do Jacarê”.
Já em 11 de janeiro de 1784 consta:
Carijó |
“(...) faleceo da vida presente
Ignacio, liberto, solteiro, filho de Antonio Gonsalves, e de sua mulher
Gertrudes de Brito, carijos forros, moradores no bairro do rio abaixo(...)”.
Note-se que são mencionadas as “tribos”
a que pertenciam os falecidos: Bororos, originários do Mato Grosso e Carijós, que originalmente eram encontrados
do sul do estado de São Paulo até o Rio Grande do Sul.
A figura do Bororo é de autoria de Hercules Florence, pintor francês que participou da Expedição Langsdorff à Amazônia (1825 - 1829). Ignoramos a fonte da imagem do Carijó.
Infelizmente cremos que não será
possível saber mais da vida de Patrício e Ignácio.
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