sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

ÍNDIOS TAMBÉM FORAM ESCRAVOS EM JUNDIAÍ

A escravidão foi uma das páginas mais tristes de nossa história. Na atualidade, associamos a escravidão aos negros africanos e seus descendentes, mas também os índios foram vítimas dessa chaga social.

Bororo
Havia, porém, uma diferença sutil, pouco conhecida: no século XVIII, os índios cativos não eram chamados “escravos”, mas sim “administrados”, porque a Igreja proibia que os naturais da terra fossem escravizados... Como os negros, os índios administrados também podiam ser alforriados.

Para ilustrar essa situação, transcrevemos dois registros de óbitos ocorridos em nossa cidade, o primeiro de 6 de outubro de 1771 (mantida a grafia original):

“(...) faleceo da vida presente Patrício, forro, solteyro, Borórô, com os sacramentos da penitencia e extrema unçam de idade de noventa annos pouco mais ou menos esta sepultado no adro desta igreja, matriz de Jundiahy e fregues dessa freguesia e morador no bairro do Jacarê”.

Já em  11 de janeiro de 1784 consta:
Carijó

“(...) faleceo da vida presente Ignacio, liberto, solteiro, filho de Antonio Gonsalves, e de sua mulher Gertrudes de Brito, carijos forros, moradores no bairro do rio abaixo(...)”.

Note-se que são mencionadas as “tribos” a que pertenciam os falecidos: Bororos, originários do Mato Grosso  e Carijós, que originalmente eram encontrados do sul do estado de São Paulo até o Rio Grande do Sul.

A figura do Bororo é de autoria de  Hercules Florence, pintor francês que participou da  Expedição Langsdorff à Amazônia (1825 - 1829). Ignoramos a fonte da imagem do Carijó. 

Infelizmente cremos que não será possível  saber mais da vida de Patrício e Ignácio.

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