quinta-feira, 30 de novembro de 2017

JUNDIAÍ CONSTOU DO PRIMEIRO LIVRO EDITADO NO BRASIL


O Padre Manuel Aires de Casal escreveu um livro que descrevia o Brasil do ponto de vista geográfico - foi o primeiro livro editado no Brasil. Trazia também uma história do país desde o descobrimento até 1532, quando o Brasil foi dividido em capitanias. 


Como mostra a imagem ao lado, foi impresso no Rio de Janeiro em 1817, e como era de praxe, foi dedicado ao Rei D. João VI, que era chamado pelo autor "Sua Magestade Fidelíssima". 


O Padre Casal falou de nossa cidade e faz uma descrição interessante dela, como se pode ver no fragmento do livro que aparece ao final deste post: dizia que Jundiaí era uma vila medíocre (no sentido de ser de tamanho médio), que tinha uma boa matriz e um hospício (hospital, asilo) dos Beneditinos - é nosso atual Mosteiro de São Bento. 

Falava também dos jundiás, peixes que deram origem ao nome da cidade, da criação de animais, das grandes plantações de açúcar e dos engenhos e da abundância de legumes e milho; tudo isso servia para abastecer as tropas que partiam para Goiás (e outros destinos) e que se preparavam aqui para suas lingas viagens. 




O Padre Casal voltou para Portugal com a Família Real em 1817, tendo falecido em 1821 aos 67 anos. 

Ao que tudo indica, Aires de Casal escreveu a sua "Corografia Brazilica" sem realizar nenhuma viagem de estudo e observação, sendo a obra fundamentada, basicamente, em descrições e inventários produzidos por terceiros, com o autor aproximando-se mais da posição de compilador. Caio Prado Júnior observou que, para falar dos indígenas, por exemplo, utilizou um texto de 1571, de autoria de Jerônimo Osório, que nunca esteve no Brasil; outro texto utilizado por Aires de Casal é de autoria de Santa Rita Durão, que descreve os frutos brasileiros.

De qualquer forma, a obra tinha valor, em uma época que muito pouca literatura estava disponível. 

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

ACIDENTE COM A LITORINA




Em nossa região era célebre a litorina, trem leve de passageiros que ligava São Paulo a Campinas, com parada em nossa cidade - durante certos períodos, houve outras paradas. Era utilizada principalmente por profissionais e estudantes. 

Em 18 de agosto de 1976, quase uma tragédia: a litorina vinda de Campinas chocou-se com um trem de carga estacionado na estação de nossa cidade - houve um erro de um operador de chaves de desvio ou uma falha desse equipamento. Foram 87 feridos, nenhum grave. 

O trem envolvido era um composto por carros Budd, diferentes dos carros ingleses que compunham as litorinas originais, que já foram objeto de post em nosso blog




sexta-feira, 24 de novembro de 2017

CANTO LÍRICO E COMÉDIA NA JUNDIAÍ DE 1938

A Folha da Manhã de 8 de janeiro de 1938 noticiava a chegada à nossa cidade de dois grupos artísticos.

O primeiro era a "Companhia Lyrica Italiana de Dora Selina", que vinha do Rio de Janeiro para exibir-se em nossa cidade pela terceira vez. Seriam cinco recitas, e as "assinaturas" (reservas) poderiam ser feitas no Salão Orestes (o que seria esse estabelecimento? Uma barbearia?).

As recitas aconteceriam no Theatro Polytheama e faziam parte da programação da Festa da Uva.

Já estava por aqui a "Companhia Brasileira de Theatro Musicado", exibindo-se no Theatro República, em Vila Arens, onde apresentava comédias, que segundo o jornal, vinham agradando. Margarida Sper, que liderava o grupo, chegou a atuar no cinema, fazendo em 1952 o filme "João Gangorra", onde contracenava com Walter D'Ávila.

Em uma época de poucas opções para diversão, o teatro fazia sucesso - pouco coisa parecida acontece hoje por aqui. Uma alternativa era o rádio, como mostra a propaganda dos rádios Blaupunkt, publicada na mesma edição do jornal: 


terça-feira, 21 de novembro de 2017

MAIS DA FINADA VIGORELLI: A METRALHADORA URU

Em post anterior, já falamos da história da Vigorelli, empresa que marcou época em nossa cidade.

Neste post, trazemos duas notas que fizeram parte de uma resenha de maio de 1982, trazendo notícias acerca da empresa, uma delas publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo relatando greve na empresa, causada pela falta de pagamento aos funcionários. 

A outra, publicada pelo Jornal do Brasil, relata o pedido de concordata feito pela empresa, que mencionava a possibilidade de fabricar armas como forma de fugir à crise que a assolava - era mais uma tentativa esdrúxula: a empresa já se aventurara a fabricar barcos de pesca, móveis, caixões de defunto etc. 

A Uru
Quanto às metralhadoras, consta que a empresa fabricou algumas, que foram abandonadas quando da falência - apenas algum tempo depois disso, o Exército recolheu as armas e peças que estavam na fábrica. Isso talvez explique porque, as metralhadoras Uru - as armas que seriam fabricadas, apesar de nunca terem sido vendidas, terem chegados às mãos de bandidos e membros das FARC colombianas. Essa arma era de péssima qualidade, e segundo alguns, tinha o péssimo hábito de disparar todos os seus trinta projéteis quando caia ao chão...

Para lembrar um pouco de coisas boas, encerramos este post mostrando um anúncio dos bons tempos da Vigorelli; a curiosidade é que o anúncio menciona ao citar seu endereço a expressão "Cidade Vigorelli" - além da fábrica propriamente dita, existiam casas para os funcionários - a maior parte da área é hoje ocupada pelo Jundiai Shopping.




sábado, 18 de novembro de 2017

WALTER JOHN HAMMOND - UMA PERSONAGEM POUCO CONHECIDA EM NOSSA CIDADE

A primeira locomotiva da Paulista
Walter John Hammond nasceu na Inglaterra, mais precisamente em  Ashford, Kent, em 21 de janeiro de 1849.

Chegou a Jundiaí em 1871, para trabalhar como engenheiro na Companhia Paulista de Estradas de Ferro;  poucos anos depois  assumiu uma gerência naquela empresa. 

A Paulista tinha interesse na navegação do Rio Mogi Guaçu, para conexão de localidades situadas às suas margens à ferrovia. Hammond trabalhou nesse projeto, tendo suas realizações sido reconhecidas por Dom Pedro II, que o condecorou com a Ordem da Rosa, uma importante honraria.

Era famoso por suas preocupações com a melhoria das condições sociais dos trabalhadores e por sua luta contra a escravatura - levava a sério as regras vigentes na época, que previam que escravos ao adentrarem nas terras concedidas à ferrovia tornavam-se propriedade da mesma e não podiam mais serem capturados, o que na prática significava liberdade. 

Após 21 anos no Brasil, retornou à Inglaterra,  passando a viver em  Knockholt, próximo a  Sevenoaks, Kent. Tornou-se diretor de várias empresas, entre as quais a São Paulo Railway - SPR, futura Santos a Jundiaí e da Amazon Steam Navigation Co. - a serviço dessa empresa, subiu o Rio Amazonas até o Peru.  


Tenente Leonard Hammond
Capitão Paul Hammond
Casado com Lucy Hammond, teve três filhos nascidos em Jundiaí que lutaram pela Inglaterra na 1ª Guerra Mundial, na qual os dois mais velhos, Paul e Leonard, morreram em 1916.

Walter Hammond morreu em sua casa em Knockholt em 11 de agosto de 1916, certamente muito abalado pela morte dos filhos.   

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

MAIS CONFUSÕES AMOROSAS...

Nossa cidade tem sido palco de casos de amor, no mínimo, extravagantes.


Conforme relatava a Folha de São Paulo de 28 de julho de 1964, um tal de Pedro das Vacas casou-se apenas no religioso com uma certa Antonia. Pedro, que não era flor que se cheire, envolveu-se em furtos e acabou ficando preso durante longa temporada. Com Pedro no xilindró, Antônia casou-se com Armando, no civil. 

Ao sair da cadeia, Pedro foi viver na Vila Hortolândia, vizinho a Antônia e Armando. Em um certo domingo, em um bar da região, Pedro acabou discutindo e sendo agredido por um grupo de desconhecidos, o que talvez tenha acontecido em função de sua condição de "marido traído".

Exasperado, armou-se de um porrete e resolveu matar Antonia; Armando, defendeu a mulher acertando dois tiros de garrucha na boca de Pedro, que ficou ferido. 

No final de tudo, os dois maridos na cadeia e Antônia sozinha...


segunda-feira, 13 de novembro de 2017

A FUNDIÇÃO ESPERANÇA

Em 17 de fevereiro de 1957, a Fundição Esperança saudava seus clientes pela passagem do Dia da Indústria.

O prédio onde se localizava a Fundição ainda existe, fica no cruzamento da Rua Pitangueiras com a Dr. Hegg, e hoje abriga a loja de tintas Copema, depois de ter ali funcionado a fábrica de sorvetes Cremilk.

A Fundição mantinha na calçada dois bancos de jardim, onde estudantes do GEVA e do Anchieta se encontravam à noite, após o final das aulas. 


Em 1959, a empresa anunciava na "Folha da Manhã":



quinta-feira, 9 de novembro de 2017

O HOTEL DA ESTAÇÃO DE JUNDIAHY

Em junho de 1887 o jornal "Imprensa Ytuana" publicava um anúncio do "Hotel da Estação de Jundiahy", de propriedade de Rappa & Barretini.

Afirmava servir almoço e jantar a qualquer hora, contando com um "perito cozinheiro". O anúncio informava receber da Itália "todas as qualidades de vinho", um "de pasto", certamente o vinho da casa, e um "Aleático Toscano", produzido com uma uva que, ao que parece, é uma mutação do moscato nero toscano, que permite produzir vinhos de muito boa qualidade, na classificação italiana, DOC - Denominazione di Origine Controllata, que indica o local onde as uvas utilizadas foram cultivadas.

Falava de diversos produtos disponíveis, inclusive dos queijos Parmesão e Romano - este parece ser o Pecorino, queijo   feito com leite de ovelha, duro, compacto e salgado, com sabor forte. O Pecorino é parecido com o Parmesão, que é feito com leite de vaca. 

Em post anterior, dissemos que o jornal Correio Paulistano publicara em sua edição de 3 de março de 1872, um anúncio do "Hotel do Commercio", em nossa cidade, vizinho à Estação Ferroviária. Seria o mesmo estabelecimento? Provavelmente, sim. 

A foto abaixo, do acervo do Prof. Maurício Ferreira, mostra a plataforma da Estação em 1893, aparecendo a tabuleta falando da conexão com a Ituana, razão pela qual o anúncio foi publicado no jornal daquela cidade.


segunda-feira, 6 de novembro de 2017

LIGAR PARA FORA DE JUNDIAÍ EM MEADOS DOS ANOS 1970? MUITO DIFÍCIL...

O sistema DDD - Discagem Direta a Distância, que permite que façamos ligações entre localidades diferentes simplesmente discando o prefixo da região chamada e o número do telefone com que pretendemos nos conectar, chegou a Jundiaí em meados dos anos 1970.

Antes disso, precisávamos discar 01 e pedirmos à telefonista que fizesse a ligação; era um serviço extremamente precário, e como dizem os comentaristas de futebol, "uma caixinha de surpresas": a ligação podia ser feita imediatamente, dentro de algumas horas, ou simplesmente não acontecer. Havia um serviço chamado "interurbano com hora marcada", em que se pedia a ligação para uma determinada hora, do dia seguinte! Evidentemente, as tarifas eram diferenciadas. 

As empresas tinham problemas: a CICA, por exemplo, para falar com sua filial de Monte Alto (distante cerca de 300 km), usava um sistema de rádio...

As dificuldades (e prejuízos) eram óbvios, o que levou o então vereador Hermenegildo Martinelli a solicitar providências à operadora, a Cia. Telefônica Brasileira. No requerimento em que pedia essas providências, o vereador mencionava a existência de 33 canais para ligações interurbanas - eram possíveis apenas 33 ligações ao mesmo tempo, sempre usando os tradicionais telefones pretos!

Felizmente, isso é passado. 

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

NOSSO SACRISTÃO VAI PARA O SEMINÁRIO


O jornal Imprensa Ytuana, de 17 de maio de 1883 publicou uma nota assinada por João Baptista de C. Pimenta que fora sacristão de nossa igreja Matriz, hoje Catedral. 

O sacristão deixava a cidade para cursar o Seminário Episcopal, em São Paulo.

A nota agradecia "ao bondoso povo Jundiahyano" pelo acolhimento. 

Agradecia também ao Vigário de nossa cidade, Padre João José Rodrigues, que vivia com sua mãe, Dª Jezuina, pelas provas de amizade e amor paternal que lhe deram. Também pedia desculpas por qualquer falta que houvesse cometido. 

Quanto ao Vigário, que dá nome à rua que liga o Centro da cidade à Vila Arens, morreu em nossa cidade em 3 de julho de 1887, antes de completar 42 anos de idade.