domingo, 28 de agosto de 2016

AS PROEZAS DO SARGENTO

Em meados dos anos 1920, não havia unidade do Exército sediada em Jundiaí. Foi uma década agitada: a Revolta do Forte de Copacabana (1922), a Revolução de 1924 e outros movimentos políticos exigiram que o então 2° Grupo de Artilharia de Montanha (hoje 12º GAC), ficasse fora de nossa cidade por algum tempo.

Nessa ocasião, o antigo quartel da Rua do Rosário passou a ser ocupado pelo destacamento da Força Pública responsável pelo policiamento da cidade. Esse destacamento, ainda como consequência dos acontecimentos  políticos, especialmente da Revolução de 1924, era comandando por um certo Antonio (ou André) Andrade, 1º sargento do Exército.

Como noticiou a Folha da Manhã de 30 de outubro de 1926, o quartel era enorme para abrigar os vinte soldados da Força que
O velho quartel
compunham o destacamento, o que despertou a "criatividade" do Sargento, que passou a retirar material do quartel (inclusive o madeirame) e despachar esse material para Santos, onde residia.

Ali, segundo o jornal, o material era recebido e utilizado para a construção de "uma confortável vivenda" para o Sargento e sua família - mas a "esperteza" foi detetada e um inquérito foi instaurado - seria interessante sabermos como a história terminou...   

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

PORCELANA SÃO PEDRO - PRODUZINDO ARTE EM JUNDIAÍ

Porcelana São Pedro, fundada em 14 de junho de 1944,  situava-se em área onde hoje ficam a loja da Coopercica e o conjunto residencial Parque das Flores, na região do Jardim Cica; ocupava uma área de 25.000 m2. com 3.000 m2 de área construída. O acesso a ela dava-se por uma pequena travessa da Rua Cica, chamada Arthur Germano Fehr, que aparece na foto acima. Tinha escritório em São Paulo, à Rua Barão de Itapetininga, 273 - 6o. andar. 

Seu diretor presidente era João Ferrara (que dá nome a uma rua do bairro); os demais diretores,   Agadir Lemes Ferrara, Felício Paulo dos Santos e Vicente João dos Santos.

Além de jogos de chá e café e outros utensílios domésticos, fabricava peças decorativas, muitas das quais pintadas à mão, com filetes de ouro e que hoje são cobiçadas por colecionadores.

O jornal "O Correio Paulistano", em sua edição de 18 de junho de 1948 trazia uma matéria  relatando a visita de um de seus repórteres à São Pedro, que dizia "Antes de penetrar na sala-exposição, pensávamos encontrar produtos rústicos e comuns, desses artigos que não passam de imitação grotesca de verdadeiros  trabalhos   de boa qualidade e arte.

Não foi decepção o que vimos. Foi uma verdadeira revelação. Sentimo-nos como se estivéssemos diante duma vitrina de loja de objetos de artes de rua elegante da capital.



Os nossos olhares desfilavam diante dos aparelhos de chá e de café decorados e com frisos de ouro e decalco. Jogos de salada e saladeiras artísticos. Vasos finos e pintados com flores de tons diversos.


E dos "bibelots" o que dizer?  Esses "bibelots" que ornamentam todos os cantos
de casa de gosto. As formas mais variadas e os motivos mais interessantes, aves, cães, gatos, gansos, passarinhos, coelhos, elefantes, patos, anjinhos, cavaleiros, bébés, crianças, andaluzas com saia-balão e até Pierrots com suas violas.

Tudo em porcelana de boa qualidade. Tudo denota finura e ambiente agradável"

A confirmação do que disse o jornal está em página do site "Porcelana Brasil", que mostra algumas peças produzidas pela S. Pedro, mais uma indústria que se foi e deixou saudade.

domingo, 7 de agosto de 2016

UM CASO EXTRAORDINÁRIO ACONTECIDO NA "ZONA BAIXA" DE NOSSA CIDADE

Em uma noite de julho de 1931, dois indivíduos adentraram uma casa de tolerância (!) na "zona baixa" de nossa cidade (onde seria??? - ao que parece na rua Zacarias de Góes, à época chamada Adolfo Gordo). Ali pernoitaram. Mais tarde, um frequentador da casa deu o alarme: os dois seriam leprosos, que teriam sido vistos durante o dia andando pela cidade. 

À época, a lepra era uma doença temida (ainda é); seus portadores eram segregados do convívio social - no Brasil existia lei para que os portadores de lepra fossem "capturados" e obrigados a viver em leprosários, a exemplo do Hospital de Pirapitingui, situado entre Itu e Sorocaba.

Essa lei foi revogada em 1962, porém o retorno dos pacientes ao seu convívio social era extremamente difícil, face ao preconceito vigente. Na atualidade, a doença pode ser curada.

Refletindo a visão da época, a "Folha da Manhã" de 29 de julho de 1931 terminava o relato do fato recomendando que a polícia mandasse que as "decaídas" residentes no local fossem submetidas a um exame de sanidade. Muito triste... 


quinta-feira, 4 de agosto de 2016

O PARQUE INFANTIL DA PRAÇA DA BANDEIRA


A inauguração
O primeiro parque infantil de Jundiaí, situado onde hoje fica o Terminal Central (Praça da Bandeira), foi inaugurado em 14 de fevereiro de 1946 pelo Prefeito José Romeiro Pereira. 

Recebeu o nome de "Manoel Aníbal Marcondes", farmacêutico e também prefeito da cidade que foi o responsável pelo decreto de criação do parque  (1941), trabalhando em conjunto com a Profa. Judith Almeida Curado, que se tornou a primeira diretora, permanecendo no cargo até 1975. O Prefeito Manoel Aníbal Marcondes foi assassinado durante o seu mandato, em 18 de novembro de 1943 - narramos este fato em outro post.

A ideia inicial era construir o parque na  praça D. Pedro II, mas por esta estar rodeada de hospitais (São Vicente e atual Hospital Regional), decidiu-se construí-lo na Praça da Bandeira, o antigo Largo Santa Cruz, que por muitos anos servira como ponto de parada de tropeiros e bandeirantes que partiam em direção ao interior. 

O prédio principal
Tendo o Prefeito Manoel Aníbal Marcondes sido assassinado durante o seu mandato (18 de novembro de 1943), seu nome acabou sendo dado à instituição. Cercado por grandes figueiras, contava com excelentes instalações: no centro, havia um prédio  que abrigava a cozinha, sala de diretoria,
A piscina
vestiários, sala de brinquedos, salão para festas, um pequeno museu   e uma biblioteca com quase quinhentos livros, além dos espaços utilizados para atividades com as crianças. 


Na área externa, horta, piscina e espaços para atividades físicas e brincadeiras. Havia também assistência médica e odontológica

As crianças eram dividas em três grupos de acordo com a faixa etária: uma turma para os menores entre 3 e 6 anos, outra para os que tivessem entre 7 e 9 anos, e uma terceira para os que tivessem entre 10 e 13 anos. 

A Profª. Judith
Muitas pessoas viam o parque apenas  como um lugar onde as crianças ficavam apenas para dar sossego às mães, ignorando que ali, segundo matéria publicada pelo Diário de Jundiaí em 2 de junho de 1968, era um lugar onde as crianças "aprendem a ter disciplina. A obedecer e a atender a ordem dos mais velhos. Um parque infantil requer uma organização experiente, uma equipe de professoras e funcionárias capacitadas e especializadas, porque convenhamos, não é fácil lidar com criança".

Durante muitos Natais as instalações do parque foram cedidas à "Boa Semente", grupo que naquela época entregava brinquedos e outros presentes às famílias de crianças carentes. 

Mas tudo acabou:  na década de 1970, o Parque Infantil cedeu espaço espaço à Estação Rodoviária. As frondosas árvores foram cortadas, a estrutura quase toda demolida, sobrando apenas apenas os flamboyants plantados por Judith e seus alunos e algumas das velhas figueiras...