Almeida Salles |
Francisco Luiz de Almeida Salles, falecido aos 84
anos em 1996, nasceu em nossa cidade em 1912; ao que consta, viveu em uma casa
que existiu na Rua General Carneiro, em área hoje ocupada pelo Colégio Divino
Salvador.
Personagem muito pouco conhecida em nossa cidade
foi um intelectual muito destacado.
Tomou parte na Revolução de 32 e participou do movimento integralista.
Católico, devoto de São Francisco, em 1938
concluiu a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco; logo em
seguida ingressou no serviço público,
tendo ocupado mais tarde o cargo de
Procurador do Estado.
Era conhecido entre seus amigos como
“Presidente”: durante 50 anos foi presidente da Cinemateca
Brasileira em seus vários formatos jurídicos, desde sua origem como Clube de
Cinema de São Paulo, terminando como presidente de honra do conselho da instituição, hoje instalada na
Vila Clementino, em prédio de 1894 onde funcionou o Matadouro Municipal .
O barzinho do MAM |
Durante décadas presidiu a Associação dos Amigos
do Museu de Arte Moderna, que manteve o barzinho do MAM, e que por muitos anos funcionou na
Av. Ipiranga - tivemos a oportunidade de frequentar o local durante algum tempo, até seu fechamento.
Era uma personagem cativante: todos o queriam por
perto, no trabalho, nos eventos, no
convívio social. Em Paris, Veneza, Roma, Rio, São Paulo ou em tantos outros
lugares que frequentou, a mesa do bar escolhida por ele seria a privilegiada.
Não exagerava no falar, sempre deixava as
reuniões fluírem, ouvindo a todos com a mesma atenção, sem preconceitos,
deixando todos à vontade, fosse o mais simples e mal informado dos
mortais, fossem os intelectuais, políticos ou empresários com os quais conviveu, dentre eles Burle Marx, Ulysses Guimarães, Franco Montoro,
Vinícius de Moraes, Cicillo Matarazzo, Di Cavalcanti, José Lewgoy,
Luiz Martins, Cícero Dias; foi amigo de
outro personagem pouco conhecido por aqui mas muito ligado à nossa cidade, o
Dr. Hugo Ribeiro de Almeida.
Dentre os amigos havia também aquele que chamava "meu
mendigo": um sem-teto que todas as noites recebia dele algumas moedas,
numa calçada próxima à sua residência, na praça da República em São Paulo - residia no Edifício Esther, onde também se localizava o consultório do Dr. Hugo.
O prédio atual da Cinemateca |
Almeida Salles foi crítico e ensaísta
cinematográfico; escreveu regularmente para os jornais "Diário de S.Paulo
e "O Estado de S.Paulo", especialmente nas décadas de 1940 e 1950 –
contribuiu também para outras publicações.
Em 1988 publicou "Cinema e Verdade",
coletânea de críticas (Companhia das
Letras). O cinema, apesar da importância que teve em sua vida e da contribuição
que deixou nesse campo, foi apenas um dos interesses de Almeida Salles. Com sua
modéstia característica, dizia que não se sentia um especialista na
área. Também deixou um livro de poesia
"Espelho da Sedução" (Art Editora).
Serviu como
adido cultural à embaixada brasileira em Paris.
A presença de Almeida Salles em tantos eventos e
circunstâncias de nosso desenvolvimento cultural muitas vezes não foi
devidamente registrada.
Rudá de Andrade dizia que sua
contribuição para a cultura brasileira foi notável e merece um levantamento metódico, para termos um
panorama mais lúcido de nossa história cultural.
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