quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

A UVA EM JUNDIAÍ E SUAS PRIMEIRAS FESTAS


O jornal Jundiaqui publicou recentemente uma matéria muito interessante sobre a cultura da uva em nossa cidade - documentos disponíveis dão conta que em 1669 já se negociava vinho por aqui - a primeira Festa da Uva aconteceu em 1934.

A chegada dos imigrantes italianos fez com que a cultura da uva crescesse por aqui, especialmente com a plantação da uva Isabel, em fins do século XIX. Plantava-se também a  Niagara Branca, de origem americana, que gerou a Niagara Rosada a partir de 1933, resultado de uma mutação genética espontânea, que aconteceu na região do Traviú. Essa variedade fez tanto sucesso que incentivou nova plantações, levando Jundiaí atualmente a produzir cerca de 25.000 toneladas em aproximadamente 700 propriedades rurais. São cerca de 10 milhões de videiras, com predominância da Niagara Rosada, embora se produzam uvas finas como Itália, Rubi, Benitaka, Brasil, Patrícia e Maria. Alguns agricultores produzem vinhos artesanais a partir de variedades como  Niagara Branca, Máximo, Isabel, Bordô e Madalena.

Na esteira desse sucesso surgiu a Festa da Uva em 1934, atraindo cerca de cem mil pessoas, tendo acontecido no centro da cidade, com a exposição de uvas e outras atividades, como a exposição viti-vinícola, acontecendo no então Mercado Municipal, hoje Sala Glória Rocha, como mostra a foto. Carros de bois,   automóveis e cordões carnavalescos se misturaram à multidão nas ruas do centro - a festa foi amplamente noticiada pelos jornais da capital.  

A segunda festa aconteceu em 1938,no Largo Santa Cruz; por conta da 2ª Guerra Mundial, a festa foi interrompida e só retornou em 1947. A partir de 1953, passou a ser realizada no Parque Comendador Antônio Carbonari, o Parque da Uva que foi inaugurado em 1953, na gestão do do prefeito Luiz Latorre, que teve a assessoria do arquiteto e prefeito anterior, Vasco Venchiarutti. O parque sofreu uma grande reforma em 2004. 

Em 1938, uvas de Jundiaí já eram vendidas no Rio de Janeiro - a foto mostra o primeiro desembarque de nossas futas na então capital do país; aparecem na foto (ao final do post), entre outros, Egydio Condini, João Carbonari Junior, Isaac Carbonari, Américo Caniato, Waldomiro Bruneli e Alfredo Carbonari - muitas dessas famílias ainda cultivam a uva. Segundo relata o professor Francisco Carbonari, a venda das uvas aconteceu no centro do Rio, na Praça Tiradentes - o caminhão  foi cedido aos jundiaienses pelo então ministro da agricultura Fernando Costa; as uvas foram até a capital de trem, provavelmente.

Note-se que o caminhão era movido a gasogênio, gás obtido por meio da queima de carvão, que passou a ser utilizado em função do racionamento de petróleo, que acontecia em razão da proximidade da guerra. O carvão era queimado no tubo situado ao lado da cabine do veículo. 
Nos bairros Bom Jardim, Poste, Traviú, Engordadouro, Fernandes, Corrupira, Toca, Roseira, Caxambu, Mato Dentro, São José e Champirra concentra-se nossa produção de uvas.



http://www.jundiaqui.com.br/?p=102708


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sábado, 18 de fevereiro de 2017

O FANTASMA DO TÚNEL DE BOTUJURU

O bairro Botujuru pertence hoje a Campo Limpo Paulista, mas anteriormente pertencia a nossa cidade. 

Nele, há um túnel ferroviário, que foi palco de um episódio interessante, acontecido nos anos 1940, quando um passageiro caiu de dentro de um trem no interior do túnel, salvando-se praticamente ileso, como mostra o recorte ao lado. Ali também, em 1863, ocorreu um massacre, narrado em outro post.

O local da placa

Neste post vamos narrar outros episódios estranhos ocorridos no túnel: rumores dão conta que um fantasma ronda a área. A lenda diz que nos anos 1890, quando o túnel estava sendo duplicado, os trabalhos eram chefiados pelo engenheiro inglês  Henry J. Beeg, um tipo particularmente enérgico, que punia pequenas faltas dos empregados com medidas disciplinares severas, humilhações e ofensas pessoais. 

Isso levou o engenheiro a ser odiado pelos que compunham sua equipe, a ponto de um complô ter levado ao seu assassinato, em 23 de abril de 1898, quando os trabalhadores teriam preparado uma emboscada e, próximo ao túnel, teriam surpreendido o engenheiro e assassinado-o a sangue frio. 

Depois do crime, os trabalhadores teriam enterrando o seu corpo na mata. Existem várias versões sobre o paradeiro do corpo: uma delas diz que o nunca foi encontrado; outra é de que teria sido sepultado ao lado do leito da linha férrea, onde hoje existe uma uma lápide com o nome de Beeg e um local para serem colocadas velas para a alma atormentada do engenheiro. 

A lenda conta ainda que devido ao crime bárbaro, fatos estranhos ocorrem na região do túnel: em altas horas da noite pessoas relatam ouvir os ruídos das batidas de uma pá contra a terra, gemidos e o barulho de um corpo caindo em uma cova. 

Outros relatos dizem que em noites com muita neblina, pode ser visto o vulto de Beeg, que flutua sobre o leito da ferrovia, como se estivesse procurando por algo ou inspecionando os trilhos. O mesmo vulto já teria sido visto parado na entrada no túnel, como se vigiasse o local.

No entanto, há certeza sobre alguns fatos: Beeg foi morto em seu escritório, próximo ao túnel, com um tiro no tórax e outro na cabeça na noite de 23 de abril de 1898. O inquérito apontou o italiano Antonio Madaloni, que trabalhava como carpinteiro, como possível autor. Segundo uma notícia veiculada no jornal "O Estado de S. Paulo", a investigação constatou que antes do assassinato Beeg havia demitido Madaloni sem qualquer pagamento e que uma espingarda encontrada próxima a cena do crime foi apontada por pessoas interrogadas como sendo pertencente ao empregado demitido.

Ao contrário do que diz a lenda o corpo do engenheiro foi encontrado e sepultado em São Paulo, como mostra a notícia abaixo, publicada pelo "O Estado de S. Paulo" em sua edição de 25 de abril de 1898.





quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

O CORINTHIANS JUNDIAIENSE

O distintivo
Foi um dos primeiros clubes de nossa cidade, fundado em 16/09/1913. Sua sede ficava na área onde hoje está localizado o Colégio Divino Salvador;  esse local era  utilizado para bailes, jogos de salão, e outras atividades sociais - segundo o jornal "A Gazeta" de 21/02/1921 a sede era situada num "bello palacete de dois andares, está situada a sede social. É um dos melhores clubs sportivos que conhecemos. No primeiro andar há um bom salão para bailes, bilhares, bar, etc..No segundo andar estão as salas da diretoria, secretaria, pingpong e várias outras para jogos lícitos".

Nos primeiros anos   do século passado, possuía um estádio na área hoje ocupada pelas indústrias Dubar, nos altos de Vila Arens. Com capacidade para cerca de 10.000 espectadores, era enorme para os padrões da época, e nele se realizou a primeira partida entre o time jundiaiense e o SC Corinthians Paulista, no dia 05.09.1915. 

O  time da capital, campeão paulista de 1914   venceu por 5x0,  tendo contado nessa partida com Neco, um dos maiores ídolos dos primórdios do futebol brasileiro. Outras fontes dão essa data como 22.02.1921, quando o Corinthians jogou contra o CA. Ypiranga, perdendo por 5 x 1. Talvez essa última data refira-se à inauguração das arquibancadas.

Em realidade, o estádio pertencia à Cia. Tecelagem Japy, cujo presidente, Isaias Blumer, era fanático pelo clube. A empresa entrou em crise e foi obrigada em meados doas anos 1920 a vender o estádio, que acabou adquirido pela empresa Rappa & Cia. (Dubar) por 70 contos de réis. 

Nos anos 1950, o clube adquiriu um terreno e começou a construir outro estádio, tendo sido feita a terraplanagem e construído os muros - faltou fôlego, e a área ficou com a Associação Primavera de Esportes, que ali construiu seu estádio.

Os uniformes principal e secundário
O time jundiaiense enfrentou também o Paulistano, à época o principal clube do futebol paulista: em 17.04.1922, empatou em  2 x 2, com o lendário Friedenreich tendo feito os dois gols do Paulistano.  

Mas a maior glória do Corinthians Jundiaiense foi o  título do campeão do interior, obtido em 1920. Nessa época, o campeão do interior disputava a “Taça Competência” com o campeão paulista (o campeonato paulista era disputado apenas entre times da capital); a equipe de nossa cidade venceu o Palestra Itália (atual Palmeiras) por 3 x 1 mas não levou a taça:    a APEA (a federação da época) considerou a partida  “amistosa” devido à inclusão de Pedro Grané na equipe de Jundiaí e deu a taça ao Palestra.

Entre outras conquistas, o Corinthians foi foi o campeão juvenil de 1955, conforme mostra a foto abaixo:



domingo, 12 de fevereiro de 2017

O MAJOR SUCUPIRA - UM HERÓI DA GUERRA DO PARAGUAI

Carolino Bolivar de Araripe Sucupira nasceu no Ceará e faleceu em nossa cidade a 16 de Fevereiro de 1897, aos 54 anos - seu corpo está sepultado na quadra 30 do Cemitério N. S. do Desterro. 

Muito jovem ainda, participou ativamente da Guerra do Paraguai, fazendo parte dos Voluntários da Pátria, criados para lutarem na guerra ao lado do Exército e da Marinha. Atingiu o posto de major, tendo atuação destacada em diversas batalhas, Curuzu,
Retrato do Major sendo entregue
ao 12º GAC
Humaitá, Lomas Valentinas e especialmente Avai - passou a ser chamado "Herói do Avaí", tendo inclusive sido criada em São Paulo uma entidade que levava seu nome. 

Cabo dos Voluntários da Pátria
Terminada a guerra, prestou um concurso público, disputando com outras 17 pessoas, o "Tabelionato Official" de nossa cidade; aprovado, mudou-se para Jundiaí, tendo residido nas imediações da Praça Ruy Barbosa. 

Teve atuação destacada em nossa cidade, onde em 1888 foi um dos fundadores da "Sociedade Comemorativa 13 de Maio", entidade que destinada a amparar e promover a integração social dos escravos recém libertados. Compuseram essa agremiação, entre outros: Eduardo Álvaro de Castro, Bernardino Ferreira de Souza, Francisco de Albuquerque Cavalcanti, Gregório da Cunha Vasconcellos, Francisco de Queiroz Telles, Raphael Rossi, José Florêncio da Silva, Antonio Adriano de Oliveira Lima, Benedicto Philadelpho Castro, João Gomes de Siqueira. A foto, no final deste post, mostra alguns dos membros da Sociedade

Hoje, o Major Sucupira dá nome a uma rua aberta nos anos 1920 para ser o prolongamento da Rua do Rosário, criando mais acessos aos bairros adjacentes. Para isso, foi necessária a demolição da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos em 1922, alinhada ao local onde hoje está o Gabinete de Leitura Rui Barbosa.











quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

O CARNAVAL DE 1874 EM JUNDIAI


Neste ano parece que teremos um carnaval "magro" em nossa cidade, mas os carnavais dos anos 1870 pareciam ser animados por aqui.

O jornal "Correio Paulistano" publicava um anúncio em 22 de janeiro de 1874 convidava os "amantéticos sócios" de uma certa "Associação Carnavalesca" para "grandes bailes a phantazia" a serem realizados no teatro Thalia Jundiahyana. 

Uma curiosidade: a palavra "amantético" significa "amante ridiculamente apaixonado, exagerado ou grotesco em suas manifestações amorosas". Uma dúvida: onde ficaria o dito teatro?  Há um teatro chamado Thalia em Lisboa, próximo ao Zoológico, construido em meados do século XIX. 

O convite era assinado pelo secretário da entidade promotora, um tal de "Marquês de Malakodif" - certamente um gozador...

Ao contrário do que acontece hoje,  naquela época  não havia dinheiro público para o carnaval - que tal voltarmos a adotar essa prática? 

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

1896:A FORÇA PÚBLICA CRIA UMA ENFERMARIA EM NOSSA CIDADE


Em 1896 o Hospital da Força Pública, hoje Polícia Militar, cujo brasão abre este post, situava-se no à Rua General Flores, no Bom Retiro, São Paulo. 

Por alguma razão, nesse ano, foi criada em nossa cidade uma "enfermaria especial" daquele hospital, com o objetivo de receber os tuberculosos internados no Hospital; essa enfermaria foi extinta no ano seguinte. 

A pesquisa histórica gera sempre muitas dúvidas: por que foi criada a enfermaria (provavelmente para evitar contágios)? Onde ficava a enfermaria? Quem atendia os doentes?

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

A AFAMADA CERVEJA JUNDIAYANA


O jornal Imprensa Ytuana, de 10 de abril de 1884, publicava um interessante anúncio, falando da mudança de endereço do boteco de um certo José Martins.

Vale a pena ler o anúncio com atenção, pelo tom coloquial empregado; como curiosidade, anunciava estar disponível a afamada cerveja Jundiayana. 

A mesma provavelmente era de nossa cidade, mas não conseguimos encontrar qualquer informação adicional.