segunda-feira, 31 de agosto de 2020

JUNDIAÍ TINHA O MAIOR VINHEDO DO BRASIL


O professor italiano Celeste Alexandre Gobbato (Volpago del Montello, 1890 – Porto Alegre,1958) foi um renomado agrônomo, enólogo, cientista e escritor.

Veio para o Brasil em 1912 a convite do governo do estado do Rio Grande do Sul a fim de ensinar na Escola de Engenharia de Porto Alegre. 

Considerado o grande pioneiro da vitivinicultura moderna no Brasil, deixou notável contribuição ao estudo e ao aperfeiçoamento da produção da uva e do vinho, dando aulas, prestando assessoria técnica e dirigindo instituições que atuavam na área, tendo produzido obras de referência neste campo.

Gobbato esteve em Jundiaí, e escreveu que aqui   percorreu a propriedade de De Vecchi e Cia., onde, segundo observou, havia “um vinhedo de seguramente 180 mil pés, plantado de uva tinta, que produzia o híbrido conhecido como Seibel n. 2”.  

Na matéria, o professor informava que o maior vinhedo do Rio Grande do Sul”, “situado no município de Bagé e pertencente a J. Marimon e Filhos, conta somente com pouco mais de 60 mil pés de parreiras, entre as quais, predomina, como em Jundiaí, a Seibel n. 2”. A foto acima mostra-o em uma cantina colonial em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul.

A propriedade visitada por Gobbato era a Fazenda Progresso, próximo à Vila Arens (essa fazenda transformou-se mais tarde na Vila Progresso, parte da qual é chamada Vila De Vecchi). 

Era a maior cultura vitícola do país; chegou a ter 360.000 videiras  numa área de 100 hectares. Era uma propriedade modelar: ali atuava um engenheiro agrônomo (G. Cunha), aplicava-se fertilizantes químicos e eram utilizados equipamentos mecanizados. Já falamos dela em outro post.

A uva Seibel, conhecida em nossa região como Corbina, foi criada  pelo médico e vitivinicultor francês Albert Seibel no fim do século XIX,   a partir de castas europeias e americanas, com o objetivo de  criar variedades de uva resistentes à filoxera, praga de origem americana que dizimou os vinhedos europeus na segunda metade do século XIX.

Com esse objetivo, Seibel criou mais de quinhentas variedades de uvas, designadas pelo nome "Seibel" seguido por um número. Da França, a casta se disseminou para o Brasil,   Nova Zelândia,  Canadá e outros países,  sendo utilizada para a produção de vinhos baratos.

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

SETEMBRO DE 1934: VENDAVAL FAZ MUITOS ESTRAGOS EM JUNDIAÍ

No dia 23 de setembro de 1934, o jornal Folha da Manhã falava acerca do vendaval que atingiu nossa cidade no dia 16 daquele mês.

Alagamentos, árvores arrancadas no Horto Florestal, o então Grupo Escolar Siqueira de Moraes totalmente destelhado, parte do prédio da Electro Metallica, vizinha ao Siqueira, ruiu. 

Houve feridos - um pedestre protegeu-se junto a um muro que desabou, no centro da cidade, e acabou sofrendo fratura da bacia.

No bairro da Ponte de Campinas havia uma velha figueira, sob a qual abrigaram-se  as bandeiras  comandadas por Fernão Dias e Borba Gato e também o naturalista francês Saint Hilaire que fez uma expedição ao nosso país  e mencionou a árvore em uma de suas obras. A figueira também não resistiu, com suas raízes, foi arrancada pelo vendaval. 

Estamos chegando a setembro - esperemos que o fenômeno não se repita. 

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

UM SOLDADO DE MUITA SORTE


Em sua edição de 22 de outubro de 1940, a Folha da Manhã, jornal de S. Paulo, noticiava que o soldado da Força Pública (hoje Polícia Militar) Pedro de Souza, que estava de guarda na Cadeia Pública, foi "tomado de uma súbita alucinação" e saiu para a rua, armado de fuzil, disposto a vingar-se de um colega.

A cadeia situava-se onde fica hoje o Fórum, e na Praça da Bandeira Pedro encontrou com outro soldado, Ismael de Oliveira, que ao tentar desarma-lo foi baleado no abdome, conseguindo, no entanto, tomar o fuzil das mãos de Pedro.

Este, então, sacou uma faca e investiu contra Ismael, que apesar de ferido conseguiu domina-lo. 

Ismael era realmente um soldado de muita sorte, pois poucos são aqueles que, recebendo um tiro de fuzil na região do abdome, sofrem apenas ferimentos leves. 

A foto mostra alguns soldados da Força Pública nos anos 1940 - os uniformes não eram lá muito elegantes... 

terça-feira, 11 de agosto de 2020

EM 1961, O EXPRESSO DE PRATA CONCORRIA COM A COMETA

A Folha de Jundiaí, em sua edição de 25 de janeiro de 1961 trazia um anúncio do Expresso de Prata, empresa de ônibus que ligava nossa cidade a São Paulo.

A empresa, fundada em 1927, tem sede em Baurú e serve cidades daquela região (Jaú, Marília, Tupã e outras), São Paulo, São Vicente etc. Algumas de suas linhas ainda fazem paradas em nossa cidade.

Além dela, tínhamos o Expresso Brasileiro e a Cometa, ligando Jundiaí à capital; hoje, resta apenas a Cometa. 

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

UMA DESCRIÇÃO DA JUNDIAÍ DE 1966

A geógrafa Fany Davidovich publicou na Revista Brasileira de Geografia, edição de outubro-dezembro de 1966, um extenso e detalhado artigo descrevendo nossa cidade.

Um trecho interessante relata que em 1947-1948, dois fatos importantes marcaram a vida da cidade e passaram a orientar as formas de sua expansão espacial: a inauguração da via Anhanguera e a construção do viaduto sobre a linha férrea. 

O espaço urbano ampliou-se: graças ao viaduto, desenvolveu-se o bairro da Ponte São João, até então quase isolado. Ali foram instaladas diversas indústrias e houve o conseqüente aumento de moradias operárias principalmente - ela menciona inclusive a transferência do estádio do Paulista FC para a região. 

Ela diz que partir de 1950 houve uma transformação sensível nos  loteamentos, que buscaram ocupar as partes altas da cidade, destinando-as quase que exclusivamente à função residencial. 

Significativamente, foi abandonado o nome de "vila" para esses loteamentos, substituído geralmente pelo de "jardim".  Citam-se entre outros a Chácara Urbana, o Jardim do Lago, os Jardins Cica, Messina e Bonfiglioli, resultantes de terrenos pertencentes à Cica, o Jardim Ana Maria, Jardim Brasil e Parque do Colégio.

É uma visão diferente de nossa Jundiaí; o artigo pode ser visto na íntegra aqui

As fotos são do acervo do Prof Maurício Ferreira e mostram o Viaduto ainda em construção (1949) e a Via Anhanguera nos anos 1950; aparece a fábrica da Roca, à época ainda chamada Cidamar.