quarta-feira, 31 de maio de 2017

ENÉRIO MARTINELLI - UM CRAQUE DO PASSADO



Enério Martinelli nasceu em nossa cidade em 20.08.1934, falecendo prematuramente em 21.03.1994. No ano  2000 foi eleito o maior jogador do Paulista Futebol Clube em todos os tempos; além de grande atleta era tido como uma pessoa de caráter exemplar.  
Iniciou sua brilhante carreira em 1949, no Nacional Atlético Clube, transferindo-se depois para o extinto Dragão Mecânica, time ligado à então Companhia Mechanica e Importadora, hoje Sifco, empresa de que já falamos em outro post; em 1952, foi para o Paulista, onde se consagrou. 
Nessa época, o Paulista migrava para o profissionalismo - foi uma época muito difícil, vivia-se a época do time "salário mínimo", funcionando em um sistema cooperativo, no qual o dinheiro arrecadado na bilheteria dos jogos era administrado e dividido pelos próprios jogadores  - não existiam patrocinadores, cotas de TV etc.
Martinelli era famoso pela potência de seus chutes, sendo conhecido como "O Canhão do Interior", marcando uma quantidade de gols muito alta para um zagueiro, posição em que atuava. Formava com Jau (zagueiro) e Nicanor Iotti (goleiro) o Trio de Ferro, responsável pela sólida defesa do time. 
Em 1963, Martinelli foi defender as cores do Gran São João de Limeira, mas dois anos depois retornava a Jundiaí para encerrar sua carreira. Para não se afastar do futebol passou a dedicar-se à arbitragem, apitando jogos das Ligas Jundiaiense de Futebol de campo e de salão e nas competições internas do Clube Jundiaiense.
À título de curiosidade, cabe reparar que na foto acima usava uma rede nos cabelos, acessório comum na época - o objetivo era preservar a elegância em campo...
Martinelli participou em 30 de maio de 1957 da primeira partida jogada no   atual Estádio Dr. Jayme Cintra (Paulista 3 x Palmeiras 1), mas quando iniciou sua carreira, o estádio do Paulista ficava à Av. Prof. Luiz Rosa, defronte ao cemitério, conforme mostra a foto abaixo.



segunda-feira, 29 de maio de 2017

HÁ 80 ANOS O TRÂNSITO DE JUNDIAÍ JÁ MATAVA GENTE

É comum pensarmos que acidentes de trânsito são coisas dos tempos atuais. Mas notícias como as publicadas pela Folha da Manhã de 1937 mostram que isso não é bem verdade: naquele dia, o jornal noticiava dois acidentes, um deles com morte. 
No primeiro deles, Ottoni Guimarães Fernandes, agrônomo funcionário do governo estadual, descia pela Rua São Bento, quando os freios de seu carro falharam, fazendo com que o mesmo colidisse com a porta de uma farmácia, situada na esquina dessa rua com a então Capitão Damásio, hoje Marechal Deodoro.

Felizmente não houve vítimas. A curiosidade é que o motorista dirigia-se a Campinas - certamente iria pegar a Rodovia Geraldo Dias - ainda não existiam Anhanguera e Bandeirantes.  Ottoni (foto ao lado) foi um dos responsáveis pela introdução da cultura da uva Itália em nosso país em 1936; essa uva começou a ser cultivada na fazenda Pinheirinho, em nossa cidade, cujos proprietários eram os irmãos Arthur e Cândido Mojola; a fazenda fica (ou ficava) na estrada de Itatiba, distante cerca de oito quilômetros de Jundiaí. Essa uva começou a ser cultivada na Itália, região do Piemonte, em 1927.

O outro caso foi mais trágico: um carroceiro trafegava pelo bairro da Barreira quando seus cavalos espantaram-se, fazendo-o cair "sobre uma das rodas da carroça", tendo morte instantânea. Fica uma dúvida: teria caído sobre a roda ou sob a roda????

quinta-feira, 25 de maio de 2017

O 28 - UM DOS CLUBES MAIS IMPORTANTES DE NOSSA CIDADE E O MAIS ANTIGO AINDA EM ATIVIDADE


O Clube Beneficente Cultural e Recreativo Jundiaiense 28 de Setembro, conhecido em nossa cidade como "28", foi fundado em 1° de janeiro de 1897; seu nome faz referência à data em que foi promulgada a Lei do Vente livre (1871) - essa lei considerava livres todos os filhos de mulheres escravas nascidos a partir daquela data.

No final do século XIX, surgiram diversos clubes que pretendiam congregar pessoas da raça negra, que normalmente eram excluídas de outras entidades - o 28 foi o segundo desses clubes a ser fundado no estado de São Paulo. O primeiro teria sido o "Clube dos Escravos", fundado em Bragança em 1881. Esse clube foi fundado por abolicionistas e escravos, tendo sido seus primeiros dirigentes os escravos João Manuel (Presidente) e  José Francisco e André da Silva (Secretários) - a ideia era fundar uma escola e prestar assistência a escravos e ex escravos. 

A imprensa anunciava que em 25 de setembro de 1945 o clube inauguraria sua sede atual, situada à Rua Petronilha Antunes; às 5 e meia da manhã (!) haveria uma salva de 21 tiros, mais tarde uma missa, às 15 horas uma solenidade e às 22 horas, baile com Birico e seus rapazes, orquestra de Campinas - por onde andarão Birico e seus rapazes??? 

As fotos acima mostram o local da sede durante a construção (provavelmente um imóvel antigo foi demolido) e a sede na atualidade; o recorte, é de uma edição do jornal Folha da Manhã de 24 de setembro daquele ano, noticiando a inauguração.

O 28 desde seu início teve um envolvimento muito grande com a educação e a cultura: manteve uma escola, organizou biblioteca e grupo de teatro, cedeu sua sede para cursos, promoveu palestras etc.

Essa escola chamava-se "Cruz e Sousa", que foi um dos maiores poetas brasileiros, negro, nascido em Florianópolis em 1861 e falecido em 1898 - era chamado "o Dante Negro".

Atualmente o Clube “28 de Setembro” continua cumprindo seu papel recreativo, educativo e cultural, promovendo comemorações nas datas festivas, enfim, segue importante em nossa cidade.  

Em um clube homônimo, situado à Rua Florêncio de Abreu, em São Paulo, ocorreu em 14 de junho de 1953 uma grande tragédia: o clube ocupava o segundo andar de um prédio em cujo térreo funcionava o depósito de uma empresa de tecidos, onde irrompeu um incêndio. Apesar de haver tempo para que todos se retirassem em segurança, o pânico fez com cerca de 50 pessoas morressem, quase todas pisoteadas. 

Dentre os mortos, um bombeiro e uma jovem, que ao saltar de uma janela para ser recolhida na rua por pessoas que seguravam lonas, ficou presa na fiação elétrica, onde o fogo a atingiu. 

A foto abaixo, publicada pela Folha da Manhã de 14 de junho de 1936 traz informações sobre os cursos promovidos pelo 28.




sábado, 20 de maio de 2017

1929: BRIGA DE NAMORADOS GERA CONFLITO NA VILA RIO BRANCO

Em sua edição de 26 de julho de 1929, a Folha da Manhã noticiava um conflito ocorrido na Vila Rio Branco, que o jornal dizia ser um bairro ainda em formação - a causa, intriga.

Luiz, que o jornal descrevia como um moço robusto, "estava de rixas" com sua namorada, Angelina. Ao passar próximo a outra Angelina, "insultou-a, como causadora da intriga" que causou a briga com a namorada. 

Essa Angelina, queixou-se aos pais, João e Elvira, que foram tomar satisfações com Luiz. Naquele momento, Luiz e a namorada conversavam; quando este percebeu a aproximação de João, "deu-lhe um forte pescoção", atirando-o ao chão.  Também "vibrou forte pancada na indefesa mulher", atirando-a também ao chão; na queda, esta feriu o joelho, o nariz e a testa. Em seguida, fugiu.

Elvira precisou passar pelo Hospital São Vicente, onde recebeu curativos. 

O bairro começava bem!!!








terça-feira, 16 de maio de 2017

CICA: FOGO NA CANJICA DESDE 1941

Tendo iniciado suas operações em 1941, a CICA já era em 1942 uma empresa de porte: anunciava em um dos mais importantes jornais brasileiros da época, a Folha da Manhã de 16 de julho de 1942, que comprava tomate, em qualquer quantidade, para fabricar seu "afamado extrato de tomates marca ELEFANTE".

Novidade para a época, comprava safras futuras e fornecia sementes, adubos e embalagens, além de dar apoio técnico aos lavradores. 

Realmente, uma empresa que deixou saudade.


A foto mostra a  caldeira da CICA em 1943 - ela era responsável pela produção do vapor que movimentava toda a fábrica. A expressão "Fogo na Cangica", gíria dos anos 1940, acabou sendo amplamente utilizada pelo pessoal que ali trabalhou, mesmo muito mais tarde, no sentido de "vamos em frente, rápido, com vigor". 

A foto é do acervo do Prof. Maurício Ferreira. 

quinta-feira, 11 de maio de 2017

ALEXANDRE SICILIANO, A CIA MECHANICA, O GASOGÊNIO E A SIFCO

Alessandro Vincenzo Siciliano (San Nicola Arcella, 17 de maio de 1860 — Rio de Janeiro, 19 de fevereiro de 1923) foi um verdadeiro pioneiro em muitos ramos de atividade. Filho de uma família muito pobre veio para o Brasil em companhia do seu cunhado, com a idade de 9 anos. Logo começou a trabalhar no comércio, com muito sucesso. Patenteou uma máquina para beneficiar café e arroz, que teve muito sucesso. Foi banqueiro, dirigente de entidades de classe e filantropo. Dentre seus descendentes, está a hoje Senadora Marta Suplicy.


Fundou a Companhia Mechanica e Importadora, que teve fábrica em Jundiaí, no local onde hoje se encontra a Sifco, que nasceu em 1958, produto de associação da Mechanica com empresas americanas. A Mechanica teve suas origens na Ferraria Agrícola, uma empresa que fabricava ferramentas como enxadas, picaretas e outras do mesmo tipo e fora fundada pelo suiço Frederico Vigel - quando menino, ao dizer alguma asneira ouvia de minha Nonna Maria: "vá trabalhar na Agrícola...". 



Além de ferramentas, a Mechanica fabricou um gasogênio, aparelho que produz gás combustível para alimentar motores de combustão interna, especialmente de veículos automotores. Foi muito utilizado no Brasil à época da 2a. Guerra Mundial, quando o petróleo foi severamente racionado. O anúncio ao lado menciona uma prova para veículos movidos a gasogênio realizada entre as cidades de São Paulo/São Roque/Sorocaba/Itu/Campinas/Jundiaí/São Paulo no ano de 1943; a velocidade média foi de cerca de 54 km/hora e o consumo de carvão de 350 gramas por km. 



O Conde Siciliano viveu em um palacete da Avenida Paulista, que comprara em 1911. O imóvel foi projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo e acabou sendo demolido nos anos 1970 - localizado na esquina da Alameda Joaquim Eugênio de Lima, o imóvel deu lugar ao Edifício Winston Churchill. No porta"São Paulo Antiga", há mais informações e fotografias do palacete - vale a pena uma visita a ele!


Seu falecimento causou grande consternação na cidade de São Paulo, o que levou uma grande multidão a aguardar a chegada do corpo, na Estação da Luz, para render suas últimas homenagens. Da Estação, o féretro foi à igreja do Liceu Sagrado Coração de Jesus, onde foi celebrada uma missa pela sua alma. Após o encerramento da cerimônia o corpo foi levado ao  Cemitério da Consolação, onde foi sepultado - seu  túmulo está na rua 22, lotes 3 e 4. O convite da Associação Comercial para o féretro e uma foto de seu túmulo estão abaixo.









segunda-feira, 8 de maio de 2017

O BANCO SCAVONE - UM BANCO DE NOSSA REGIÃO

Em 12 de abril de 1957 foi inaugurada a agência do Banco Scavone em nossa cidade. O patriarca da família Scavone foi o italiano Luiz Scavone (1873-1955), que chegou ao Brasil aos 14 anos de idade. Muito pobre, teve inúmeros empregos, mas graças ao seu tino comercial acabou tornando-se um grande industrial, comerciante e banqueiro, radicando-se em Itatiba.

O Banco Scavone, fundado por ele em 1952, teve agências em diversas cidades da região:  Itatiba, Morungaba, Jundiaí, Jarinu, Valinhos, Louveira e Bragança Paulista; a matriz ficava em São Paulo. O Banco foi fundado como Casa Bancária Scavone SA, tendo em 1954 assumido sua denominação definitiva. 

O Banco, em dificuldades, foi incorporado pelo Banco Nacional em 1962 - tinha então 8 agências e era dirigido por Paschoal Scavone, filho do fundador.

sexta-feira, 5 de maio de 2017

1929: CRIME DE MORTE NO LARGO DE SANTA CRUZ

Não é de hoje que o álcool gera tragédias. A Folha da Noite, em sua edição de 8 de outubro de 1929 - há quase 90 anos, noticiava um crime de morte ocorrido no Largo de Santa Cruz, quando dois "alcoólatras inveterados", como disse o jornal, começaram a discutir e em seguida, a brigar. 

Como acontece frequentemente, um terceiro tentou separar os briguentos; um destes, sacou uma arma e atirou, ferindo gravemente Antonio de Andrade, que tentava separa-los; levado ao Hospital São Vicente, Andrade não resistiu vindo a falecer. 

A foto, do acervo do Prof. Maurício Ferreira, mostra o Largo à época, com destaque para a igreja e para o obelisco erigido em comemoração do centenário de nossa independência. 

segunda-feira, 1 de maio de 2017

O SARGENTO TRANSFERIDO (E PRESO)

No início de 1963, a cidade mobilizava-se contra a transferência do 3º Sargento Salvador Pereira, então comandante do Destacamento da Força Pública (hoje Polícia Militar) em nossa cidade. 

O Destacamento era subordinado ao 8º Batalhão da Força Pública, sediado em Campinas, que em função de denúncias recebidas, abriu uma sindicância contra o Sargento, concluindo que o mesmo favorecia alguns de seus comandados na distribuição de serviços. Sua pena? Transferência para a sede do Batalhão e 4 dias de cadeia...