quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

UMA OCASIÃO FESTIVA: O COMPROMISSO À BANDEIRA EM 1938

A Folha da Manhã, em sua edição de 11 de junho de 1938, noticiava que no dia seguinte aconteceria o "juramento à bandeira" dos soldados que estavam sendo incorporados ao então 2º Grupo de Artilharia de Dorso, hoje 12º GAC.

Este é um evento emocionante, em que os novos soldados, juntos, dizem em voz alta:    
“Incorporando-me  ao Exército Brasileiro, prometo cumprir rigorosamente as ordens das autoridades a que estiver subordinado, respeitar os superiores hierárquicos, tratar com afeição os irmãos de armas, e com bondade os subordinados, e dedicar-me inteiramente ao serviço da Pátria, cuja honra, integridade, e instituições, defenderei com o sacrifício da própria vida”. A foto ao lado mostra o momento em que soldados fazem o juramento. 

Na ocasião haveria também um desfile e uma competição - um "cabo de guerra" para o qual eram esperados quatrocentos participantes. 

Na solenidade, falaria o então capitão João Paulo da Rocha Fragoso, que chegou a Marechal, tendo ocupado a Secretaria da Segurança de nosso estado e uma diretoria da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. 

Fragoso (1906-1978) foi casado com a sra. Irene Zaniratto, natural de nossa cidade 

 

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

1941 - OS FOGÕES A GÁS COMEÇAVAM A SE POPULARIZAR EM JUNDIAÍ

Em 21 de fevereiro de 1941, O Estado de S. Paulo anunciava a inauguração da "agência distribuidora do Ultragaz" em nossa cidade. 

A empresa localizava-se à Av. Dr. Cavalcanti 1073, e estiveram presentes o Prefeito, representantes da imprensa e "pessoas gradas".  A Ultragaz foi criada em 1937, no Rio de Janeiro, e começou a operar com uma frota de três caminhões e 166 clientes; hoje, tem 5.000 pontos de venda. 

Por aqui, era o começo do fim dos fogões que queimavam lenha e carvão - no entanto, esses equipamentos já existiam há mais tempo em outros países, como mostra o anúncio francês abaixo, da década de 1920 - o texto quer dizer algo como "com o fogão a gás, seus pratos sempre ficarão bons".

  

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

1949: FARMÁCIAS DE PLANTÃO

A imprensa informava quais farmácias estariam de plantão  no domingo, 27 de março de 1949. 

Naquela época, não existiam tantas farmácias como hoje, e a Prefeitura fazia uma escala, obrigando a que algumas delas abrissem aos domingos e facultando às outras abrirem. 

É  interessante notar que das farmácias citadas, quase  todas não existem mais - há ainda em nossa cidade uma Drogaria Catedral, mas não sabemos se é o mesmo estabelecimento que existia em 1949. 

domingo, 9 de dezembro de 2018

A JUSTIÇA ERA (E AINDA É) LENTA.....

Em junho de 1873, Joaquim Antonio Fernandes relatava em anúncio publicado na Gazeta de Campinas que, em fevereiro daquele ano, requerera o Juiz Municipal de nossa cidade a emissão de uma certidão relativa a um processo que movera.

No anúncio dizia que ainda não conseguira a certidão, pois o escrivão responsável "alegava serviços" e não emitia o documento. 

Pelo jeito, esse estado de coisas é bem antigo...




quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

NAZISTAS EM JUNDIAÍ


A imprensa da capital (Folha da Manhã) noticiou em novembro de 1935 a realização de um baile no Grêmio CP, promovido por um certo clube Germânia.


Antes do início do baile houve uma "sessão comemorativa", onde foi cantado nosso Hino Nacional e o hino do partido nazista, além de canções alemãs. Em seguida, ouviu-se um programa de rádio sendo transmitido diretamente de Berlim.

Estava presente o prefeito da cidade (Antenor Soares Gandra), que foi saudado por Carlos Cordts, falando em nome do Germânia. 

Esse parece não ter sido um evento isolado. Quando o Brasil estava prestes a entrar em guerra com a Alemanha, a polícia intensificou as investigações contra os nazistas. Nesse processo, foram apreendidos documentos, como o folheto que aparece ao lado, que era um convite para uma reunião em 1934, que iria realizar-se no mesmo Grêmio CP.

Seria interessante sabermos o que aconteceu com o clube, seus associados e com os nazistas jundiaienses quando o Brasil entrou na guerra contra os alemães e contribuiu para a sua derrota, inclusive com a 148ª Divisão alemã rendendo-se aos brasileiros na Itália, como mostra a foto abaixo.










OS TRENS DA PAULISTA E O FILÉ ARCESP

Trabalhando em São Paulo desde 1971, ainda me recordo quando os trens ainda eram um excelente meio de transporte entre a capital e nossa cidade - já mencionamos isso em post anterior falando das "litorinas". 
O carro restaurante preparando-se para deixar a Estação da Luz 

Mas hoje o tema é outro: os trens de longo curso da Paulista, que ligavam São Paulo às barrancas do rio Paraná; mais especificamente os carros restaurante que faziam parte desses trens - não vivemos essa época, mas houve tempo em que para ir a esses carros, era necessário o uso de paletó e gravata e retirar uma senha. 


Eles eram ideais para se tomar uma cervejinha (sempre gelada) e jantar, não dando trabalho em casa - naquela época, jantava-se cedo em Jundiaí. Esse jantar ia desde simples porções de fritas e queijos, até o que havia de mais sofisticado a bordo: o Filé ARCESP.


A senha
O consagrado jornalista e escritor Ignácio de Loyola Brandão, natural de Araraquara, que muito viajou nos trens da Companhia Paulista, lembra o filé: "Era um bife muito grande, com tomate, cebola, e vinha acompanhado de arroz", descreve Loyola. "Até hoje lembro do aroma." 

O nome do prato homenageava passageiros muito frequentes: os viajantes, como eram chamados na época os representantes comerciais; o nome do prato, vem do nome da entidade que os reunia, a Associação dos Representantes Comerciais do Estado de São Paulo - ARCESP. 

A receita original se perdeu, mas das lembranças de viajantes é possível tentar reproduzi-la, aqui em versão para duas pessoas: 

Ingredientes: 
  • 2 bifes de 220 g de filé mignon 
  • 2 tomates para salada 
  • 1 cenoura 
  • 1 cebola 
  • 200 g de manteiga sem sal 
  • 50 g de ervilhas 
  • Sal e pimenta do reino moída na hora a gosto 

Preparo: 
  • Corte os tomates em cubos e retire todas as sementes. 
  • Fatie a cenoura na diagonal. 
  • Corte a cebola em rodelas. 
  • Tempere os filés com sal e pimenta do reino. 
  • Em uma frigideira, derreta metade da manteiga até borbulhar. Incline levemente a frigideira e coloque os filés na parte mais elevada. 
  • Deixe que o suco dos filés se incorpore à manteiga e mantenha-os no fogo até obter o ponto desejado. 
  • Em uma panela, cozinhe a cenoura até ficar ao dente. 
  • Separadamente, cozinhe as ervilhas. 
  • Quando os filés estiverem no ponto, retire-os da frigideira e reserve-os em lugar aquecido.
  • Coloque na frigideira a manteiga que sobrou, misturando-a ao suco dos filés. 
  • Junte a cebola e mexa bem. 
  • Disponha a cenoura, as ervilhas, os tomates e mantenha os vegetais ainda no fogo, até obterem uma boa coloração. Ajuste o sal, se necessário. 
  • Sirva os filés com os vegetais na manteiga,
    acompanhados por arroz branco. 

Preparado assim, assemelha-se ao original. Só não fica igual por falta de um ingrediente hoje impossível de encontrar: os trens da Companhia Paulista...


segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

O VEREADOR QUEIXAVA-SE DO SOM DOS ALTO-FALANTES


Em fevereiro de 1949 o Vereador Alberto da Costa pedia providências no sentido de que a empresa Alto Falante Rex diminuísse o volume dos equipamentos instalados na Praça Governado Pedro de Toledo e no Jardim Público (Praça Marechal Deodoro da Fonseca) - o som estaria abalando os nervos dos que passavam rela região.

O vereador recomendava que mais equipamentos fossem instalados, porém com o som em volume mais baixo, afim de não criar problemas para as pessoas que por ali andassem "refrescando suas ideias", passeando ou conversando com algum amigo. 

Em nossa cidade existiram diversas empresas desse tipo - eram uma espécie de emissoras de  rádio que divulgavam músicas, notícias e anúncios através de alto-falantes instalados em postes ou janelas de prédios. 

Alberto da Costa, nascido no Rio de Janeiro, ao perder a mãe ainda criança, veio viver em nossa cidade com seus tios. Vereador por 16 anos, apresentou alguns projetos exóticos, como aquele que propunha a construção de um túnel ligando a Vila Rami ao bairro de Santa Clara, visando evitar acidentes no cruzamento da Via Anhanguera. Pretendia também proibir a malhação dos Judas, e "namoros avançados"  Envolveu-se também em conflito com o então vereador Omair Zomignani.

Formado em Contabilidade pelo então Ginásio Rosa, Costa foi funcionário da Cia. Paulista durante praticamente toda sua vida e pertencia aos Vicentinos, tendo, nessa qualidade trabalhado muito pela implantação da Cidade Vicentina, à época chamada “Vila dos Pobres” - não era apenas uma pessoa com ideias exóticas...