quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

TENENTE LEONARD HAMMOND: MAIS UM JUNDIAIENSE MORTO NA 1ª GUERRA MUNDIAL

O Tenente Leonard Hammond
Já falamos sobre  Walter John Hammond, um inglês que viveu em nossa cidade trabalhando para a Cia. Paulista e que teve dois filhos nascidos aqui, mortos na 1ª Guerra Mundial lutando pelo exército inglês. 

Um deles foi o Capitão Paul Hammond, o outro, o Tenente Leonard Hammond,  que morreu em Demuin, no Somme, França, em 5 de julho de 1916, aos 27 anos. Leonard pertencia ao 10º Batalhão do Duke of Wellington's Regiment (West Riding Regiment). Seu corpo está sepultado no Cemitério Militar de Becourt, não longe de onde morreu, durante a batalha de Albert, a primeira das batalhas do Somme. 

Leonard estudou na Inglaterra na  Tonbridge School (onde se destacou jogando críquete) e posteriormente na Universidade de Louvain, na Bélgica.

Havia um terceiro militar na família, mais jovem que Paul e Leonard, que como Capitão também lutava na França. Após a morte dos mais velhos, foi transferido de volta para a Inglaterra, onde serviu até o final da guerra. Este irmão mais novo estudou na Universidade de Westminster, onde se destacou como jogador de futebol - era zagueiro.  

domingo, 24 de dezembro de 2017

REVOLUÇÃO DE 1932: RADIOTRANSMISSOR APREENDIDO E PROPRIETÁRIO PRESO

A Electro Metallica era uma indústria mecânica de nossa cidade, fundada em 1913. Situava-se na Rua Barão de Jundiaí nº 1 - na atualidade é difícil conceber uma indústria desse tipo na principal rua de nossa cidade - o anúncio ao lado é de 1936 - a empresa localizava-se onde hoje fica a EE Dr. Antenor Soares Gandra, a "Industrial". 

Seu proprietário envolveu-se em um episódio da Revolução de 1932: a Folha da Manhã de 23 de setembro daquele ano anunciava a apreensão de um aparelho radiotransmissor pertencente a Alberto Klovrza, filho do engenheiro José Klovrza, proprietário da empresa.  Em épocas de conflito, equipamentos como este são vistos como de uso de espiões, o que redundou na apreensão do rádio e prisão de Alberto.

Os combates terminaram em 2 de outubro, mas a manchete daquele jornal, 9 dias antes, eram francamente otimistas do ponto de vista dos revolucionários - mais uma vez, justifica-se o ditado: na guerra, a primeira vítima é a verdade... 

Não temos informações acerca da evolução dos fatos, mas consta que em 1945 Alberto Klovrza, "de nacionalidade tcheca nascido na Alemanha em 12 de Abril de 1911", obteve a cidadania brasileira - constam como seus pais José Klovrza e Maria Olga Klovrza.

Em 6 de abril de 1941, a imprensa da capital noticiava que Klovrza doara à Prefeitura uma área de terreno destinada "à abertura de uma nova rua que porá a rua Barão de Jundiahy em comunicação com a rua Major Sucupira, em frente ao "belvedere" - esse belvedere (mirante) é o alto do Escadão e a nova rua, situada entre a escola e a Pinacoteca, tem o nome de Roma.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

VEREADOR QUERIA DEMOLIR O SOLAR DO BARÃO

O Solar do Barão é uma das jóias de nossa cidade - uma das poucas construções antigas que sobreviveu à sanha de "modernização" da  cidade. 

O casarão foi  construído na década de 1860, era a residência da família Queiroz Telles, fazendeiros e políticos. É uma construção típica de sua época, tendo ainda um belo jardim; o complexo, na atualidade,  sedia o Museu Histórico e Cultural de Jundiaí.

Mais o prédio correu riscos: em requerimento datado de 12 de fevereiro de 1969 o então vereador Reinaldo Ferraz de Barros Basile manifestava-se de forma clara sua opinião de que o prédio deveria ser demolido, com uma rua sendo construída na área ocupada por ele, "modernizando" a cidade - um trecho do requerimento aparece ao final deste post - para conhece-lo na íntegra, basta ir ao link acima. Felizmente o vereador não conseguiu fazer suas idéias irem à frente. 




sábado, 16 de dezembro de 2017

MADAME CARLETTI ATENDIA AS ELEGANTES DE JUNDIAHY

Um anúncio na Folha da Manhã de 29 de julho de 1934 informava às elegantes de nossa cidade que a casa de Modas de Madame Maria Carletti estava à disposição na rua Barão 80, telefone 297. 

Os anúncios antigos trazem informações interessantes: este, falava em "luto em 24 horas" - na época, quando um parente próximo morria, as mulheres usavam roupas pretas durante um certo período. Falava também em "machinas de point-ajour" e plissée", coisas de que não temos certeza do que são.

Na mesma edição, as elegantes da cidade eram informadas que no dia seguinte começaria mais uma  Liquidação Semestral do Mappin, oferecendo, entre outras coisas "pelles e manteaux" em centenas de modelos, sem repetições (mulheres odeiam encontrar outras com roupas iguais...).


quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

EXPULSÃO DE CIGANOS - SEMPRE UM POVO PERSEGUIDO

Em sua edição de 21 de fevereiro de 1932. a Folha da Manhã noticiava que um grupo de ciganos havia acampado no Largo de Santa Cruz e que as mulheres do grupo andavam pelas ruas da cidade "tirando sortes".

Pressionados pela Polícia acabaram instalando-se em uma casa da Rua Adolpho Gordo, hoje Zacarias de Góes, e segundo o jornal "trazendo "appreensões à população".

Na época, a presença de ciganos era associada a golpes como a venda de jóias falsas, furtos de cavalos e em residências e outros delitos do tipo. 

Nos anos 1950, era comum ciganos acamparem na região pela qual passa hoje a Av. 14 de Dezembro - as mães na época recomendavam às crianças que não saíssem de casa, pois "ciganos roubavam crianças" - e seguíamos essa recomendação à risca...

domingo, 10 de dezembro de 2017

AUMENTO DE IMPOSTOS? NENHUMA NOVIDADE

Nesses dias em que se fala de um aumento do IPTU de "apenas" 25%, vale lembrar que isso não é nenhuma novidade: em 1868 Joaquim Saldanha Marinho, "comendador da Ordem de Cristo e presidente  da província de S. Paulo, etc., etc., etc" decretava, a pedido de nossa Câmara Municipal, aumento de impostos para nossa cidade. Os produtores de café e açúcar pagariam 20 réis por arroba e os advogados, médicos e cambistas pagariam anualmente 10 mil réis. 

Mas como sempre dizem as autoridades, o fim era nobre: os valores seriam utilizados para a construção de um cemitério e de um chafariz. 

Restam algumas perguntas:

1. O que seria o "etc., etc., etc" nos títulos do Presidente da Província (foto ao lado)?

2. O que significaria a palavra "cambista" naquela época?

3. Será que o cemitério e o chafariz foram construídos?

4. Quando será que esses impostos foram suprimidos, se é que o foram?  

Mais uma vez a Bíblia está certa:  nihil novi sub sole (não há nada de novo sob o sol), como está em Eclesiastes, 1, 10...

GRANDES FIGURAS DO RADIO JUNDIAIENSE

É sempre bom relembrar grandes figuras do rádio jundiaiense.  Em agosto de 1973, o vereador José Sílvio Bonassi propunha um voto de congratulações a três dessas figuras: Cícero Henrique, advogado que continua atuando na Rádio Cidade e dois radialistas já falecidos: Hélio Luiz Lorencini (advogado) e José Roberto Reynaldo, (policial militar), ambos falecidos prematuramente.

O vereador destacava o programa "Enquete da Semana", que trazia a opinião de pessoas do povo acerca de temas de interesse da cidade. 


quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

O VOLEI NA ESPORTIVA: SÓ SAUDADE

A velha e querida Associação Esportiva Jundiaense vive hoje praticamente apenas na memória daqueles que de uma forma ou outra foram ligados a ela - de uma forma mais concreta, ainda reúne alguns veteranos em peladas jogadas em sua sede de campo; a sede do centro é hoje um conjunto de edifícios residenciais.

Mas nem sempre foi assim: em 1958 ganhou em Caçapava o troféu Bandeirantes, à época um certame muito importante, nas modalidades de voleibol masculino e feminino - o então vereador Omair Zomingnani propôs à Câmara um voto de louvor ao clube.

O volêi sempre foi importante na Esportiva: em sua edição de 14 de maio de 1937, o jornal “Folha da Manhã”, de São Paulo, noticiava a realização do campeonato de voleibol (o esporte era chamado “volebol”) da Esportiva, com as escalações das equipes, que eram chamadas “turmas” – membros de tradicionais famílias de nossa cidade ali aparecem, como mostra o recorte abaixo:


segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

PAUL HAMMOND, UM JUNDIAIENSE QUE MORREU NA 1ª GUERRA MUNDIAL

Paul Hammond nasceu em Jundiaí em 28 de outubro de 1884 e morreu na França, durante a primeira batalha do Somme, em 25 de fevereiro de 1916. As batalhas do Somme  foram das mais sangrentas da Primeira Guerra Mundial: mais de 1,2 milhões de mortos e feridos! 

Hammond era filho de Walter John e Lucy Hammond;  seu pai era um engenheiro inglês que trabalhava para a Cia. Paulista de Estradas de Ferro.

Hammond estudou engenharia de minas  na Universidade de Freiberg, na Alemanha. Formado em 1907,  trabalhou na área no Uruguai e nos estados de São Paulo e Bahia, após o que voltou a Londres e passou a atuar como consultor na área de mineração.

Juntou-se ao exército inglês tão logo a guerra começou, atingindo o posto de capitão e ao morrer atuava como "acting major" (um capitão que ocupa temporariamente o posto de major), quando em 17 de fevereiro de 1916, na área de Foncquevillers, foi atingido na coxa por uma bala perdida, no momento em que deixava uma trincheira. Comandava uma companhia do 8º Batalhão do East Lancashire Regiment.

A bala causou uma fratura exposta no osso de sua coxa; foi operado, mas contraiu pneumonia, vindo a falecer. Foi sepultado no cemitério de Étretat, próximo ao local onde foi ferido. Sua morte foi profundamente lamentada por seus companheiros de armas, tendo recebido elogios de Sir Douglas Haig, que comandava as tropas inglesas na França.

Para adicionar ainda mais tristeza, seu irmão Leonard, tenente do exército inglês, também foi morto em ação no dia 5 julho daquele ano. Havia um terceiro irmão, também capitão que lutava na França e que após a morte de Leonard, foi transferido para a Inglaterra, assumindo funções na retaguarda. 

O triste fim dos irmãos certamente acelerou a morte do pai, que aconteceu em agosto do mesmo ano.  Um monumento homenageia os irmãos e outros mortos na guerra que viveram em Knockholt, onde residiam seus pais.