quinta-feira, 29 de junho de 2017

QUE FRIO!!!

Fala-se muito em fenômenos climáticos, especialmente aquecimento global, tempestades; ouve-se também que teremos um inverno frio – mas dificilmente será tão frio como aquele de 1870.
O jornal “Gazeta de Campinas”, em sua edição de 7 de julho daquele ano, dizia: “Na fazenda do sr. Francisco de Queiroz Telles, municipio de Jundiahy, ficou completamente gelada a agoa de colonia que se continha em um vidro collocado sobre a mesa de uma sala forrada e assoalhada. Finalmente, no Ribeirão, que banha a Villa de Bethlem de Jundiahy (Itatiba), a agoa gelou em a superficie de suas margens, na extensão de cerca de dous palmos por banda.
O mesmo jornal, em sua edição de 10 de agosto de 1884, dizia que “ante-hontem á tarde, entre Louveira e Jundiahy, cahiu uma fortissima chuva de pedras, julgando algumas pessôas ter sido a maior das que alli se tem visto. Pelo trem que aqui chega ás 10,45 da manhã veio nos hontem uma grande porção dessas pedras, notando-se entre elas algumas ainda de tamanho não vulgar. Dizem que naquelle logar havia hontem, ainda, pedras em quantidade tal que podiam-se encher muitos wagons”. A figura ao lado mostra como acontecem as chuvas de pedra.
Para compensar, em seu livro Al Brasile, publicado em Milão em 1889, narrando impressões de viagem pela então Provincia de S.Paulo entre 1885 e 1887, o médico italiano Alfonso Lomonaco disse a respeito de nossa cidade: “além destas vantagens comerciais, recomenda-se pela salubridade dos ares e doçura do clima”.

As palavras do Dottore Lomonaco correspondem à verdade: o clima em nossa cidade é tropical de altitude, apresentando verões quentes e chuvosos e invernos amenos com pouca chuva. A temperatura média anual é de 18 °C, sendo o mês mais frio julho (média de 15 °C) e o mais quente fevereiro (média de 21 °C).


terça-feira, 27 de junho de 2017

REVOLUÇÃO DE 32: JUNDIAÍ BOMBARDEADA PELA AVIAÇÃO



A Revolução de 32 estava em andamento e a  Folha da Manhã de 17 de setembro de 1932 noticiava que um avião da ditadura Vargas bombardeara nossa cidade na manhã do dia anterior. A Folha da Noite de 20 de setembro comentou o assunto.

A notícia foi dada em tom leve, quase de brincadeira - ainda não se pensava nos terríveis efeitos de um bombardeio aéreo, o que só foi possível fazer depois que aviões nazistas praticamente destruíram a cidade espanhola de Guernica em 1937, durante a guerra civil que assolou aquele país - morreram cerca de 400 pessoas. 

O jornal afirma que o avião voava muito alto, como se estivesse tentando reconhecer a área, e que as pessoas saíram às ruas para acompanhar os acontecimentos.

Boeing F-4B4, um dos aviões utilizados pela ditadura Vargas
Ao final, o avião atirou algumas bombas e disparou algumas rajadas de metralhadora, que "molestaram os tomateiros" e arrancaram uma touceira de bambu de uma chácara da região da Ponte de São João, ainda segundo o jornal. 

Não sabemos se se trata do mesmo evento, mas pessoa que vivia em nossa cidade à época, diz que, naquela área da cidade,  uma criança perdeu a mão ao tocar uma bomba que não explodira e fora atirada por um avião getulista. 


FAZENDAS DE JUNDIAÍ NO SÉCULO XIX

Affonso Escragnolle de Taunay (1876-1958), filho do Visconde de Taunay, de quem já falamos neste blog, foi um dos nossos grandes intelectuais: engenheiro de formação, foi historiador, professor da USP, biógrafo, diretor do Museu do Ipiranga - entre suas obras, está a "História do café no Brasil", em onze volumes. Nossa cidade é mencionada nessa obra, com informações bastante interessantes sobre nossa produção de café e açúcar em meados do século XIX, que também já foi objeto de outro de nossos posts; à época, o açúcar ainda era nosso produto mais importante.  

Reproduzimos aqui trechos do terceiro volume de sua obra, dando conta de que tínhamos 64 fazendas de café e 20 destilarias; 298 proprietários rurais e 27 senhores de engenho, com 1.143 escravos. 

A obra relaciona as principais propriedades e seus donos, com o número de escravos que cada um detinha. É interessante notar que o proprietário do maior número de escravos era um plantador de algodão. Pelos nomes das fazendas fica difícil identificar onde ficavam, exceto talvez "Monte Serrate", na atual Itupeva. 






sexta-feira, 23 de junho de 2017

O ESCOTISMO EM JUNDIAÍ

O Escotismo é um movimento educacional que por meio de atividades variadas incentiva os jovens a assumirem seu próprio desenvolvimento, a se envolverem com a comunidade, formando líderes. 

Seus participantes acreditam que, por meio da proatividade e da preocupação com o próximo e com o meio ambiente, pode-se formar jovens engajados em construir um mundo melhor, mais justo e mais fraterno.

Seu lema, "Sempre Alerta", deriva do original em inglês "Be prepared",  criado pelo fundador do movimento, Robert Baden Powell.

Em nossa cidade há vários grupos escoteiros, como o Jundiá e o Curuqui.

Em sua edição de 6 de outubro de 1927 a Folha da Manhã noticiava o crescimento do escotismo em Jundiaí, que teria chegado à nossa cidade em 1922. A imagem ao final do post ilustra a "Lei Escoteira", conjunto de regras que orienta os participantes do movimento.





terça-feira, 20 de junho de 2017

EM 1937 JUNDIAÍ JÁ NÃO ERA UMA CIDADE MUITO PACÍFICA...

O jornal "Correio Paulistano", em sua edição de 24 de janeiro de 1937 trazia duas notícias que nos permitem deduzir que, naquela época, nossa cidade não era muito pacífica.

A primeira delas dizia que, apesar dos seguidos pedidos veiculados pela imprensa, o destacamento policial da cidade seguia sendo muito pequeno, fazendo com que a população passasse a "defender-se com suas próprias mãos", sendo ouvidos, todas as noites "estampidos denunciadores de que os amigos do alheio estão sendo recebidos à bala". Dizia também que a imprensa local registrava assaltos diariamente.

O jornal noticiava também que dois "implacáveis adversários", ao "liquidarem velhas contas", entraram em luta corporal, tendo um deles sido atingido por várias facadas, ficando gravemente ferido. O fato ocorreu no então distante bairro do "Anhangabahu"

Ao que parece, as coisas não mudaram muito nos últimos 80 anos...

sábado, 17 de junho de 2017

1917: ANARQUISTAS EM JUNDIAÍ

De forma bem simplificada, pode-se dizer que o Anarquismo é uma ideologia  que se opõe à todo tipo de hierarquia ou dominação, seja ela política, econômica, social ou cultural. Assim, opõe-se ao Estado, ao capitalismo, às instituições religiosas etc. Pretende uma sociedade libertária baseada na autogestão, cooperação e  ajuda mútua, com os indivíduos podendo associar-se livremente. 

Nasceu na Europa em meados do século XIX; seus partidários tentaram implanta-lo de diversas formas, inclusive com o uso de extrema violência, o que acabou contribuindo para que seja irrelevante na atualidade.




O "Guerra Sociale" era um jornal anarquista publicado em São Paulo no início do século passado - a imagem acima mostra uma edição do mesmo, de cem anos atrás. O jornal era escrito parte em italiano (o anarquismo chegou até aqui principalmente com imigrantes italianos) e parte em português. Na capital existiam outros jornais que seguiam a mesma ideologia,  o "A Plebe" e o "Alba Rossa", de que já falamos neste blog.

O "Guerra Sociale" batia-se violentamente contra o trabalho infantil, que era disseminado à época. Na edição objeto deste post, os editores do jornal pediam aos simpatizantes residentes em nossa cidade e redondezas que denunciassem casos do tipo, mas alertavam que não bastavam informações genéricas, eram necessários mais dados sobre os pequenos trabalhadores, como nome, idade, salário e trabalho executado - dizia o jornal que coletar essas informações era um trabalho enfadonho, mas que apenas assim seria possível combater eficiente esse mal.

A mesma edição do jornal informava que o anarquista Quaglierici informava o nascimento de seu filho, a quem dera o nome de "Comunardo"! A palavra remetia à Comuna de Paris, movimento que levou os anarquistas a governarem aquela cidade durante alguns meses de 1871; o movimento foi esmagado de forma extremamente violenta pelo governo francês. O jornal dizia que o menino era um "bel maschiotto" (belo machinho) e deixava seus votos no sentido de que ele pudesse crescer em uma comuna...







quarta-feira, 14 de junho de 2017

GLÓRIA ROCHA - UMA GRANDE ARTISTA JUNDIAIENSE

A imprensa tem noticiado as dificuldades financeiras que a Prefeitura vem encontrando para concluir a reforma da Sala Glória Rocha, um ponto muito importante para nossa cidade. Dada essa situação, é interessante lembrar quem foi Glória Rocha (1920-1971). 


Nascida em nossa cidade, chamada Glorinha por seus amigos, foi bailarina, professora, diretora, cenógrafa, coreógrafa - enfim dedicou-se intensamente à arte, trazendo-nos belíssimos espetáculos. Nos anos 1940 criou o “Ballet Jundiaiense” composto de jovens e crianças e em 1956 fundou o Instituto de Orientação Artística (IOA), entidade de fundamental importância para o desenvolvimento cultural de nossa cidade.


Uma curiosidade acerca de Glória é que, nos anos 1930, foi eleita Rainha dos Estudantes Jundiaienses, coroada em sessão solene seguida de um grande baile - a foto, dos fins dos anos 1930 ilustrava matéria acerca do assunto, aqui também reproduzida.   



domingo, 11 de junho de 2017

PLANADOR CAI NO 12º GAC


No dia 27 de dezembro de 1970 um planador caiu no quartel do hoje 12º GAC. 

O aparelho ficou bastante danificado, mas o piloto saiu ileso. Segundo o Cel. Benevides, que comandou a unidade, o planador caiu sobre eucaliptos que ficavam ao no estacionamento situado ao lado do pavilhão de comando do Grupo. 

O planador pertencia ao Clube Politécnico de Planadores, de nossa cidade, fundado em 1934 na capital e hoje com bases em Jundiaí e São Pedro. 

O clube chama-se agora Aeroclube Politécnico de Planadores (www.planadoresjundiai.org.br) e é reconhecido em todo o Brasil pela qualidade de seus cursos de pilotagem. 

Atualmente é um dos mais bem equipados do país com uma frota de 2 rebocadores, 2 motoplanadores treinadores e 8 planadores para treinamento básico, avançado e competição. 

Os visitantes também tem oportunidade de fazer vôos como passageiros nas operações que são realizadas aos finais de semana e feriados, nas duas bases.

Um vídeo mostrando a decolagem de um planador do aeroporto de nossa cidade pose ser visto aqui

Vale relembrar que os planadores decolam rebocados por um avião convencional.



quinta-feira, 8 de junho de 2017

1929: SOLDADO BÊBADO É PRESO

A velha cadeia, provável quartel da Polícia
Segundo a Folha da Manhã, de 12 de fevereiro de 1929, embriagado, o soldado Limiro, do então 2º Grupo de Artilharia de Montanha (hoje 12º GAC) dirigiu-se ao quartel da polícia, provavelmente instalado no prédio da cadeia, no local onde hoje situa-se o fórum. 

Pretendia invadir o dito quartel, mas acabou detido e entregue a uma patrulha do Exército, que o conduziu ao seu quartel, onde foi recolhido ao xadrez por 30 dias. 
O quartel do Exército, onde Limiro ficou preso

terça-feira, 6 de junho de 2017

EMPRESAS ANTIGAS: A TRIUNFAL

A  Triunfal foi uma das mais tradicionais lojas de nossa cidade.

Este folheto anuncia a mudança da loja para um novo endereço, e pertence ao acervo do Prof. Maurício Ferreira - ao que parece, o folheto foi encontrado no interior de um livro, com uma receita no verso. 

Interessante é a menção ao Café Haiti, que mais tarde transformou-se num dos melhores restaurantes da cidade, ainda na Rua Barão e mais tarde na Rua do Rosário, onde ficou até fechar suas portas.

sábado, 3 de junho de 2017

UMA "CANTADA" TERMINA MAL EM CAMPO LIMPO

No dia 2 de setembro de 1940 uma mulher teve que deixar um trem na estação de Campo Limpo, então município de Jundiaí, por estar viajando sem o bilhete de passagem. Enquanto aguardava que sua situação fosse resolvida, o indivíduo Lupércio David aproximou-se e dirigiu-se a ela de forma pouco respeitosa, "cantando-a".

A mulher muniu-se de uma enxada que estava próxima e com ela golpeou o galanteador no rosto, quase decepando-lhe o nariz! Um castigo merecido.

A foto abaixo mostra a estação à época do fato: