quinta-feira, 28 de maio de 2020

O CHEFE DA ESTAÇÃO ERA UM TIRANO!



O jornal "Terra Livre" foi fundado em 1905 pelo jornalista Edgard Leuenroth (foto abaixo, 1881-1968).

De cunho anarquista, destacava-se pela crítica  ao poder do Estado, tratando temas como impostos, trabalho infantil, necessidade e a oferta de trabalho, e a farsa e hipocrisia dentro da política da época. O jornal incentivava a organização do movimento operário e buscava inculcar nesse grupo a importância do estudo.


Em sua edição de 12 de abril de 1906, o jornal tecia críticas ao chefe da estação da Cia. Paulista em nossa cidade - à época a empresa ainda usava seu antigo nome; dizia o texto: "O chefe da estação Jundiaí da Companhia Paulista de Vias Férreas é um modelo de tirania, um carcereiro exemplar, e é por isso que a Cia. o estima e ampara. É este pequeno czar que estabelece regulamentos despóticos que pesam sobre os empregados como uma barra de chumbo."


Quem seria o chefe da estação? 

  

domingo, 17 de maio de 2020

A LOJA DO BARATEIRO



Anúncio publicado na edição de 14 de março de 1868 do jornal Diário de S. Paulo informava que na Loja do Barateiro, aqui de nossa cidade, "encontra-se-hão todas a qualidades de fazendas de lei", por preços "mui commodos".

Ficam dúvidas: seriam "fazendas de lei" tecidos de boa qualidade? A Rua Direita era a atual Barão de Jundiaí; o estabelecimento ficava "em frente á cadêa" provavelmente no local hoje ocupado pelo prédio do INSS.

Julio Lyon era o proprietário da loja. Era tetravô de Gean Paes Leme que nos trouxe algumas informações sobre ele: era francês e se casou em 1868 com Leopoldina Maria de Jesus (natural de Campinas). 

Em 1884, residia em Dois Córregos, e havia se casado novamente (Leopoldina morreu nesse meio tempo) com Francisca Pereira de Camargo (natural de Pirassununga) e deve ter vivido por ali até 1889-1900, segundo registros de uma de suas filhas, trisavó de Gean. Julio morreu no Rio de Janeiro em 1912.

A informação sobre a Rua Direita vem de nossa colaboradora Vânia Feitosa Calixtre, que nos lembra também que os nomes antigos das principais ruas do centro de nossa cidade: Rua do Meio (Rua do Rosário), Rua Nova (Senador Fonseca) e Rua Boa Vista (Zacarias de Góes).

domingo, 10 de maio de 2020

ANTENOR SOARES GANDRA - EXEMPLO DE HOMEM PÚBLICO

Antenor Soares Gandra nasceu em 10 de fevereiro de 1891. Seus pais eram os proprietários da Fazenda Santa Fé, no distrito da Rocinha, que fez parte de Jundiaí até 1948 quando se emancipou e se transformou no município de Vinhedo. 

Ele se destaca na história da cidade por ter sido, além de prefeito, médico e um cidadão muito atuante. 

Formou-se em medicina no Rio de Janeiro em 1914 e veio trabalhar em nossa cidade; em  1916 casou-se com  Maria Celeste Ribeiro Gandra - tiveram quatro filhos, todos nascidos em Jundiaí.

Como médico, prestou relevantes serviços a Jundiaí, tendo exercido inúmeros cargos, dentre os quais a Chefia do Serviço Sanitário Municipal, onde se destacou pelas prontas medidas adotadas na luta contra a Gripe Espanhola, epidemia que assolou o município e o mundo em 1918/1919.


Participou da Revolução Constitucionalista de 1932, da qual foi um dos líderes em nossa cidade - é o soldado ajoelhado, à esquerda.

Teve  grande projeção no cenário político, tendo exercido o cargo de prefeito por duas vezes, nos anos 1930, com grandes realizações. Deixando a prefeitura, foi eleito deputado estadual, continuando a trabalhar por nossa cidade. 

Em 1936 transferiu sua residência para São Paulo, tendo ajudado a criar e trabalhado no Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina.

Faleceu na capital em 18 de maio de 1946, aos 55 anos, tendo sido sepultado no Cemitério São Paulo.

Em Jundiaí, como homenagem a esse importante personagem, seu nome é dado à Escola Estadual Dr. Antenor Soares Gandra, uma das mais tradicionais de nossa cidade. 




domingo, 3 de maio de 2020

A BOA SEMENTE PROMOVIA O NATAL DAS CRIANÇAS CARENTES

A Boa Semente foi uma entidade beneficente de nossa cidade, criada por ex-alunos e pais de alunos de duas escolas tradicionais de nossa cidade,  a Escola Paroquial Francisco Telles e o então Ginásio São Vicente.

Fundada ao redor de 1960, tinha como objetivo dar presentes de Natal às crianças carentes. A entrega era feita num final de semana próximo ao Natal, nas dependências do então Parque Infantil, hoje Terminal Central - centenas, talvez milhares de crianças eram beneficiadas. A foto acima mostra o prédio do Parque Infantil.

Os recursos financeiros necessários vinham das contribuições dos sócios e de uma pequena verba da Prefeitura. 

A única atividade destinada aos sócios era um piquenique anual, realizado no dia 1º de maio, na Fazenda Nova Era, da família Tonolli. Ônibus fretados faziam o transporte dos que não tinham carros.

O dia começava com o canto do hino nacional e hasteamento da bandeira do Brasil em frente à escola da fazenda.

Eram tempos muito diferentes: havia corrida de saco,  futebol entre casados e solteiros e gincana para os adolescentes. Muito jogavam baralho, outros tocavam violão e cantavam - sanfoneiro e violeiros também compareciam.

Havia bicicletas que podiam ser alugadas para passeios pela fazenda. Visitar o alambique também era parte do programa, assim como admirar o engenhoso relógio feito com peças de bicicleta que adornava o terreiro. 

Como ignoramos a existência de registros sobre a entidade, durante muito anos dirigida pelo saudoso Cláudio Zambon Clemente, lembramos aqui apenas alguns de seus dirigentes, a maioria dos quais não está mais entre nós: Arlindo Panssonatto, David Scabin, Mário Franchi, Pedro Risso e Segismundo Breternitz. 

Como neste ano a pandemia impediu passeios, finalizamos este post com um piquenique que fizemos no 1º de maio, em nossa casa...