quinta-feira, 20 de setembro de 2018

JÁ EM 1869 O CORREIO NÃO ERA GRANDE COISA...


Acostumados a trocar mensagens de forma muito ágil, via email e outros similares, surpreende-nos a notícia publicada pela Gazeta de Campinas, que em sua edição de 31 de outubro de 1869, informava que o animal que trazia as malas postais para a cidade havia fugido no trecho que une Jundiaí a Campinas...

As malas foram encontradas no dia seguinte, causando atrasos nas respostas à correspondência perdida, especialmente aquelas  destinadas à Corte (Rio de Janeiro), que não puderam ser encaminhadas ao navio que partiu de Santos no dia 30...

Em 15 de janeiro de 1871, o jornal voltava a falar dos maus serviços prestados pelos Correios: atraso e descuido na manipulação/guarda da correspondência - em resumo, nada muito diferente do que vemos hoje.  

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

1937: ALGUNS JUNDIAIENSES ERAM CONTRÁRIOS À CRIAÇÃO DO GINÁSIO ESTADUAL

Em 1937 falava-se na instalação de um ginásio estadual em nossa cidade. 

Surpreendentemente, eram muitas as vozes contrárias à instalação da referida escola, como mostra o artigo ao lado, publicado na Folha da Manhã de 2 de abril de 1937. 

A matéria dizia que, como o município deveria concorrer com parte das despesas de instalação do ginásio,  as prioridades para investimento eram outras,  como abastecimento de água, construção de pontes,  calçamento de ruas, equipamento do Posto de Saúde e combate à febre amarela, que já era um problema naquela época, como dissemos em outro post. Além disso, dizia que era mais importante a instrução primária da população operária. 

Poderiam ser pontos de vista divergentes ou puro e simples elitismo. Mas uma carta escrita por Celso Guilherme da Silva Rocha (que à época tinha 27 anos), morador de nossa cidade, e publicada na mesma Folha da Manhã, mostrava existirem outros motivos, provavelmente de caráter pessoal. 

A carta, reproduzida ao lado, é extremamente agressiva, mesmo para os padrões atuais;  eram repetidos os argumentos acerca da necessidade de escolas primárias, mas atacava-se o diretor da Escola Profissional de nossa cidade, que era favorável ao Ginásio; a carta fazia menções não tão veladas acerca da sexualidade do mesmo. 

O fato é que só muitos anos depois tivemos os primeiros "ginásios" estaduais em nossa cidade. 

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

EM 1871 AS MÁQUINAS SINGER JÁ ERAM VENDIDAS EM JUNDIAÍ


As máquinas de costura Singer começaram a ser fabricadas no início da década de 1850, sendo vendidas no Brasil a partir de 1858. 

Foi um produto que fez sucesso imediatamente - já em 19 de março de 1871 a Gazeta de Campinas informava que Joseph E. Rule era seu agente de vendas em nossa cidade. Onde ficaria sua loja? Note-se que na província de São Paulo (hoje estado), as máquinas eram vendidas apenas na Capital, Santos, Jundiaí, Campinas e Rio Claro. 

Coincidentemente,  em Campinas a Singer inaugurou em 1955 a primeira fábrica de máquinas de costura da América Latina.



quarta-feira, 5 de setembro de 2018

1931: LADRÕES ATACAVAM NO CENTRO

A Folha da Manhã, de 3 de outubro de 1931, noticiava uma tentativa de furto contra a Casa dos Frios, situada na Rua Rangel Pestana. 

Percebendo a aproximação de um guarda noturno, os ladrões atiraram contra ele antes de fugirem sem levar nada - o guarda não pode reagir por ter sua arma "entrevada". 

O jornal seguia dizendo que na mesma noite os ladrões já haviam furtado um bar situado na rua Prudente de Moraes.

A matéria termina criticando o comandante do destacamento policial da cidade, que proibira que praças de folga saíssem das dependências do destacamento (situado no prédio da cadeia, no largo de São Bento) para atenderem a ocorrências, dizendo que se essa ordem não existisse, os ladrões poderiam ter sido pegos - os tiros foram ouvidos pela sentinela.

A foto acima, colorizada por Sergio Borin, mostra o edifício da cadeia. 

sábado, 1 de setembro de 2018

ORIGENS DO BAIRRO DA BARREIRA

Muitas pessoas acreditam que nome Barreira, dado ao tradicional bairro de Jundiaí, deve-se ao fato de haver ali uma porteira que era fechada quando os trens  cruzavam a atual Rua da Abolição, que na época era o início da estrada para Campinas. 

Mais isso não é verdade; muito antes de os trens passarem pelo local existia ali uma barreira, um posto onde eram cobrados impostos sobre as mercadorias que transitavam por aquela estrada  - notícia publicada pela Gazeta de Campinas em sua edição de 31 de outubro de 1869, dá um interessante resumo acerca dos produtos que eram comercializados (e taxados): café e algodão lideravam. 

E o movimento era grande: o mesmo jornal, alguns dias depois dava notícias acerca do movimento do local - no período de uma semana passaram pela barreira mais de 8 mil animais carregados, quase 200 carros carregados, mais de 42 mil arrobas de café etc. - foram arrecadados quase dois contos e trezentos mil réis; a título de comparação, um quilo de ouro valia na época um conto; em valores de hoje a arrecadação semanal da barreira equivaleria a cerca de R$ 350 mil.

Além do resumo, o jornal (era sua primeira edição) publicava um quadro mais detalhado:
Como curiosidade, note-se as diferentes unidades de medida: arrobas (unidade de peso, cerca de 15 quilos), alqueire (unidade de volume, algo como o conteúdo de um dos cestos que eram carregados por um animal, quase sempre um burro ou mula).

Havia também comércio de poaia, uma raiz quase extinta na atualidade, e que era usada na forma de chá para combate à tosse.