quarta-feira, 26 de junho de 2019

VIGORELLI – UM GIGANTE DERROTADO

Uma visão da fábrica e de seu conjunto residencial
A Vigorelli foi um dos gigantes que ajudaram a construir a grandeza de nossa cidade.

Os Franco, família de judeus italianos chefiada pelo patriarca Giuseppe, imigraram para o Brasil em função do início da 2ª. Guerra Mundial.   Chegaram a São Paulo em 1940, dedicando-se ao comércio; terminada a guerra, passaram a dedicar-se à importação e exportação, criando a Importadora e Exportadora Francolite Ltda. (1947).

Anúncio da Vigorelli italiana
Inicialmente, importavam "kits" de máquinas de costura do Japão e da Itália para montagem no Brasil, o que era feito em um barracão na Rua Turiassú,   Pompéia, em S. Paulo. Os "kits" italianos provinham da Vigorelli Italiana, sediada em Pavia, cidade situada na região da Lombardia, no norte da Itália.

Mais tarde, obtiveram dos italianos licença para fabricação das máquinas e  adquiriram no bairro da Bela Vista, em nossa cidade,  um grande terreno onde começaram, em 1952 a construção da fábrica, que foi inaugurada pelo Governador Lucas Nogueira Garcez em abril de 1953. Parte desse terreno é hoje ocupada pelo Jundiaí Shopping. 

  Vigorelli fabricada em Jundiaí
Para a montagem e operação da fábrica, contrataram o engenheiro Carlo Kummer, que trouxe consigo cerca de 15 técnicos especializados, todos originários de outra indústria italiana de máquinas de costura, a Necchi, também localizada em Pavia; dentre esses, os saudosos Carlo Farina, Luciano Galbarini, Matteo Vaira e Luciano Museli, que constituíram família em nossa cidade.

A Vigorelli operou até 1984, tendo além das máquinas de costura (500 unidades/dia de  diversos tipos),  fabricado  móveis,  máquinas operatrizes,   cintos de segurança (os primeiros produzidos no Brasil), hidrômetros, barcos de pesca  e  armas leves,  como submetralhadoras; aqui pode ser visto outro post acerca dessa iniciativa esdruxula da Vigorelli, que na tentativa de se reerguer já se aventurara a fabricar até caixões de defunto. 

A empresa tinha uma preocupação bastante grande com o treinamento das usuárias de seus produtos; havia uma equipe de funcionários que se dedicava a ministrar cursos na área, como mostra o certificado acima, que nos foi enviado por Valdecir Giotto, que é o gestor do Museu Angelo Spricigo, que tem um grande acervo de máquinas de costura e  está localizado na cidade de Concórdia-SC; o museu tem um belo site, que pode ser visitado aqui.

Infelizmente é mais uma empresa que se foi, destruída pela conjuntura econômica da época aliada à má administração. Mas, com certeza, deu sua contribuição à nossa cidade

Ao lado, o certificado de garantia de uma máquina Vigorelli vendida em 1962 - eram 50 anos de garantia!!!!

Para encerrar, um anúncio da Vigorelli Robot, uma máquina muito moderna para a época, que foi produzida a partir de 1959 e permaneceu em linha até o fim das atividades da empresa. A Vigorelli promovia um show apresentado por Sonia Ribeiro, que era casada com o também apresentador Blota Jr. e que atuou principalmente na TV Record acreditamos que isso ocorria nos anos 1970.



terça-feira, 25 de junho de 2019

UM SOLDADO DE SORTE


Em 25 de outubro de 1940 o jornal O Estado de S. Paulo noticiava um desentendimento entre dois soldados do destacamento da Força Pública de nossa cidade.

Um deles, Pedro Bello de Souza,  armado de fuzil, saiu da sede do destacamento localizada na antiga cadeia, onde hoje fica o Fórum, procurando pelo companheiro com o objetivo de mata-lo.

Sabendo do fato, o sargento comandante do destacamento saiu com soldados para tentar deter Pedro, que foi encontrado na rua Cel. Leme da Fonseca, próximo à Praça da Bandeira, onde hoje fica o Terminal Central de ônibus urbanos.

Ao receber voz de prisão, o soldado atirou contra um dos companheiros, Ismael Simões dos Santos, que foi atingido no quadril; outro soldado tomaram-lhe o fuzil, mas Pedro ainda  tentou esfaquear os companheiros, como dizia a Folha da Manhã de 22 de outubro (à esquerda)

Pedro acabou preso, e Ismael, um homem de sorte, teve ferimentos muito leves e foi internado no Hospital São Vicente.

A foto ao lado mostra uniformes usados pela Força Pública à época.

domingo, 16 de junho de 2019

EM 140 ANOS OS TRENS QUE SERVEM JUNDIAÍ SÓ PIORARAM...


Em 16 de janeiro de 1879, a então Estrada de Ferro de S. Paulo, depois São Paulo Railway, Santos a Jundiaí e hoje CPTM publicava um novo quadro de horários. 

Os trens que paravam em todas as estações ligavam Jundiaí a S. Paulo em uma hora e quarenta minutos; os expressos, em uma hora e vinte minutos. 

Impressiona verificar que hoje, 140 anos depois, a viagem dura aproximadamente o mesmo tempo, frequentemente mais, pois é necessária uma baldeação em Francisco Morato; além disso, não é mais possível ir a Santos. 

A CPTM não informa o horário dos trens, apenas o intervalo entre eles. Triste...

terça-feira, 11 de junho de 2019

O JOGO DO BICHO, A QUALIDADE DO SERVIÇO TELEFÔNICO E O NOVO VIADUTO ERAM ASSUNTO EM 1950

Em 9 de março de 1950, O Estado de S. Paulo relatava que  vereadores discutiam com a Cia. Telefônica Brasileira, operadora dos serviços de telefonia em nossa cidade, acerca da qualidade dos serviços que esta prestava - uma ligação para S. Paulo chegava a demorar três horas!

O sistema era arcaico, e o pequeno número de usuários não justificava investimentos em sua melhoria - um dos vereadores inclusive levantou a possibilidade de abertura de uma concorrência para que o provedor dos serviços fosse substituído; isso acabou acontecendo mais tarde, quando foi criada a Cia. Telefônica Jundiaiense. 

Porém, o mais interessante era a discussão aberta de uma das causas da má qualidade dos serviços: os envolvidos com o jogo do bicho usavam intensamente o telefone para transmitir as apostas e outras informações sobre o jogo! E a polícia? Parece que seria muito fácil coibir a jogatina, de vez que eram conhecidos os números dos telefones dos envolvidos. Mas...

Para encerrar, uma boa notícia dada na mesma edição do jornal: iniciava-se a construção do viaduto da Ponte de S. João, cuja entrega era prometida para cerca de quatro meses depois. Interessante verificar que a população havia emprestado dinheiro à Prefeitura para a construção. Será que esse empréstimo foi quitado?


quarta-feira, 5 de junho de 2019

ROMEU PELLICCIARI - UM GRANDE NOME DE NOSSO FUTEBOL

Um grande astro do futebol brasileiro,  Romeu Pellicciari nasceu em nossa cidade, no bairro de Vila Arens, em 26/3/1911 e faleceu em S. Paulo em 15.7.1971.

Foi um dos maiores jogadores de nosso futebol: em 1938, os leitores do jornal "O Imparcial", do Rio de Janeiro, elegeram os melhores jogadores de cada posição; Romeu foi o segundo colocado entre os meias direitas, perdendo para Leonidas da Silva, que alguns até hoje julgam o melhor jogador brasileiro de todos os tempos. Naquela época Romeu jogava pelo Fluminense.

Em nossa cidade jogou pelo tradicional S. João FC., de onde transferiu-se para o Palestra Itália, hoje Palmeiras, em 1930.

Pelo Palmeiras ganhou diversos campeonatos, entre eles 3 paulistas e o Torneio Rio-S. Paulo; fez 165 jogos por esse clube, tendo marcado 106 gols. 

Jogou pela Seleção Paulista, tendo sido bicampeão brasileiro em 1933 e 1934. 

Em 1935, transferiu-se para o Fluminense, onde também ganhou diversos campeonatos, tendo jogado 202 partidas e marcado 90 gols. 

Apesar de baixo e um tanto quanto gordo, jogava sempre com objetividade,  com imenso repertório de dribles inesperados e lançamentos precisos e acabou chegando à Seleção Brasileira, pela qual jogou a Copa do Mundo de 1938, na qual conquistou o 3º lugar; pelo Brasil,  foram 13 jogos e 3 gols. Pela sua atuação na Copa recebeu diversos convites para jogar no exterior, mas preferiu permanecer no Fluminense.

Talvez por ser calvo, jogava sempre usando um gorro. A foto abaixo mostra-o na Seleção: é o oitavo da esquerda para a direita. Aparecem também outros grandes nomes de nosso futebol, como Domingos da Guia (2º) e Leonidas da Silva (9º), à época jogadores do Flamengo. 



Em 1942 voltou para o Palmeiras, tendo sido novamente campeão paulista daquele ano; antes de encerrar a carreira, teve uma breve passagem pelo Comercial de Ribeirão Preto.