terça-feira, 3 de março de 2020

A ESTRADA DE FERRO YTUANA, A ESTAÇÃO E A FAZENDA MONTSERRAT

O trecho Jundiaí-Itu da Companhia Ytuana de Estradas de Ferro foi inaugurado em 1873; esse trecho, desde 1892 operado pela Estrada de Ferro Sorocabana, esteve ativo até  20 de fevereiro de 1970, após o que os trilhos foram retirados - eles passavam   onde hoje está a avenida União dos Ferroviários, ao lado dos antigos escritórios e oficinas da Cia. Paulista. O trecho   ao longo do rio Jundiaí até Itaici era muito bonito, com várias pequenas cachoeiras que podiam ser vistas do trem. 

Uma das estações da linha era a de Montserrat, à época situado em território jundiaiense, que, ao que parece, foi construída  como resultado de um acordo entre os fazendeiros da região e os diretores da Ytuana, como mostra o artigo publicado no jornal A Provincia de S. Paulo  em 21 de agosto de 1884 e que pode ser visualizado aqui. A foto acima, provavelmente dos anos 1960, mostra um acidente próximo à estação.

Havia no lugar uma fazenda com o mesmo nome, que desde 1911 era propriedade de  Luiz Carlos Berrini, um famoso engenheiro que hoje dá nome a uma importante avenida em São Paulo. Berrini fez construir na fazenda um sistema de captação de água de nascente, que era levada a um reservatório construído  no alto de um morro, de onde descia por gravidade com grande força, abastecendo a sede, as casas dos empregados e casas da estação da estrada de ferro.  Existia também uma rede elétrica que distribuía energia a todas as partes da fazenda; essa energia essa fornecida pela usina da Empresa de Força e Luz de Jundiaí, situada bem próxima à casa sede da fazenda. 

Outro personagem importante foi Vicente Tonolli, nascido na   Itália em 1872 e que, aos aos 26 anos de idade emigrou para o Brasil, chegando no final de 1898 junto com três irmãos, estabelecendo-se todos em Itupeva, onde, junto à estação da  Ytuana, montaram um armazém. Vicente comprou em 1917 outro armazém junto à estação de Montserrat e dois anos depois comprou também a Fazenda que pertencera a Berrini; a propriedade ocupava uma faixa de terra comprida e estreita  de cerca de 8 quilômetros, na margem esquerda do rio Jundiaí, junto aos trilhos da estrada de ferro.





Nessa época a propriedade contava com inúmeras benfeitorias tais como sede, as antigas senzalas, um pomar com três alqueires de pomar, 25.000 m2 de terreiros de café, estufa, tulha, linha férrea particular onde corriam as vagonetas levando café do terreiro até a estação da Ytuana. Essa linha particular era do tipo Decauville, com pequenas locomotivas e vagonetas e com trilhos que podiam facilmente ser instalados e os traçados modificados - a imagem ao lado mostra uma dessas linhas.

Em 2014, um incêndio, provavelmente
criminoso, destruiu boa parte da sede da fazenda. O incêndio teria sido provocado por usuários de drogas que frequentavam local, que estava fechado.


Entre esta estação e a seguinte, Quilombo, existiam duas usinas no rio Jundiaí, que alimentavam a fazenda Ermida, a maior delas com duas turbinas. 



A foto abaixo mostra a plataforma da estação de Montserrat em 2013; hoje, quase tudo isso é saudade...

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