sábado, 10 de dezembro de 2016

O "ASSUCAR SANTA MARIA" NOS LEVA A MOACYR LOBO DA COSTA

Pesquisando para escrever um pouco sobre a história de nossa cidade, descobrimos que a Folha da Manhã de 1º de julho de 1932 noticiou a inauguração da Refinadora Santa Maria, que processaria açúcar. A empresa, de propriedade de Luiz Bocchino, localizava-se à Av. Dr. Cavalcanti "em prédio amplo e bem arejado".

Como era praxe nessas ocasiões, várias pessoas discursaram, mas a nota nos remete a um personagem pouco conhecido em nossa cidade: Moacyr Lobo da Costa, então com 19 anos, que falando em nome de Bocchino, "agradeceu as palavras dos oradores que lhe antecederam".

Moacyr era irmão de Waldomiro Lobo da Costa, que fora prefeito de nossa cidade e de quem já falamos neste blog. Era o mais novo de nove irmãos. 

Na casa da família Lobo da Costa respirava-se cultura:  era frequentada pelo artista plástico Rebolo Gonzales, pelo poeta Menotti Del Pichia e pelas pianistas Guiomar Novaes e Magda Tagliaferro, todos amigos  de Múcio, um de seus irmãos, que faleceu prematuramente.  Na casa, existiam três pianos, um de armário, um de cauda e um de meia cauda, sendo que uma irmã de Moacyr, Virgínia, tornou-se professora de música.

Aluno do célebre "Gymnásio Culto à Sciencia" em Campinas,  Moacyr tinha que se deslocar diariamente, de trem, de Jundiaí até aquela cidade. Formou-se em 1932, tendo participado da Revolução Constitucionalista naquele ano.

A seguir, estudou Direito, graduando-se em 1937 no Largo de S. Francisco, onde foi professor por muito tempo. Em 1941, casou-se com Isa, também natural de Jundiaí, e integrante da  família Canguçu.

Seu pai, Morivaldo era funcionário da Cia. Paulista, e Moacyr seguiu seus passos, atuando na área jurídica da empresa de 1941 até aposentar-se em 1972. 

Auxiliou também a implantação da Faculdade de Direito da PUC de Campinas, além de ter escrito muito sobre a área processual. 

A seu respeito, escreveu em 2006 seu antigo aluno Acácio Vaz de Lima Filho: "Meu velho mestre foi organizado até para morrer, o que pode parecer um paradoxo. Dispôs dos seus bens — que não eram muitos — repartindo-os entre os seus filhos. Deixou registrada a sua vontade de que o seu corpo fosse cremado, descendo ao detalhe de escolher a música que seria executada no crematório. Foi velado onde viveu: — na sua Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, envergando a beca — companheira e veterana de muitos concursos — e cercado pela família, bem como por uma legião de antigos alunos, da Academia de São Paulo e da PUC, de Campinas".

É muito bom quando escrevendo sobre um assunto tão prosaico, como a inauguração de uma pequena empresa, somos levados a conhecer um personagem tão ilustre como Moacyr Lobo da Costa - será que Jundiaí não lhe deve homenagem? 

E para voltar ao assunto inicial: a Folha termina sua matéria dizendo que "a sahida foi oferecida aos convidados uma amostra do excellente assucar Santa Maria".


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