sábado, 15 de julho de 2017

21 DE MAIO DE 1969: O GENERAL ANDRADA SERPA ASSUME O COMANDO DA AD/2


Até há alguns anos, nosso Exército organizava suas unidades operacionais em "Exércitos" - foram quatro. Cada Exército, comandado por um General de Exército, tinha uma divisão de infantaria (DI) comandada por um General de Divisão. Nas DI, as unidades de infantaria propriamente ditas compunham sua Infantaria Divisionária (ID) e as  unidades de artilharia sua Artilharia Divisionária (AD), ambas comandadas por Generais de Brigada. O II Exército e sua DI, sediados em São Paulo, tinham o Quartel General de sua Artilharia Divisionária em Jundiaí, ocupando parte do quartel situado no centro da cidade - era o chamado QG da AD/2, que compreendia o então 2º GO 155 (hoje 12º GAC) e o então 2º RO 105 (hoje 2º GAC L), aquartelados em Jundiaí e Itu, respectivamente. Em 21 de maio de 1969, assumiu o comando da AD/2 o então General de Brigada Antonio Carlos de Andrada Serpa. Nascido em Barbacena no ano de 1916, o general Serpa teve uma longa carreira no Exército - participou da 2ª Guerra Mundial como capitão, foi adido militar na França e atingiu o mais alto posto da carreira, o de General de Exército, no qual, como chefe do Departamento Geral de Pessoal do Exército (DGP) fez parte do Alto Comando do Exército. 

Filho de militar, teve três irmãos também militares. Um deles, Alípio Napoleão, dois anos mais novo, morreu no afundamento do navio mercante Itagiba, atacado pelo submarino alemão U-507 no litoral da Bahia - o Itagiba transportava para Recife o 7º Grupo de Artilharia de Dorso, unidade onde servia o então 1º Tenente Alípio, que ajudou a salvar seus companheiros de armas e acabou gravemente ferido, atingido pela queda da chaminé do navio sobre a baleeira em que deixava o Itagiba. Foi transferido para outro navio, o Arará, que foi a seguir torpedado pelo mesmo submarino - desta vez, o Tenente não conseguiu se salvar. Luiz Gonzaga, outro irmão chegou ao posto de coronel e outro, José Maria também foi General de Exército, falecendo ainda no serviço ativo quando era chefe do Estado Maior das Forças Armadas, cargo à época de nível ministerial. 

O General Serpa era conhecido como "Serpa Louro", para diferencia-lo de seu irmão José Maria, este o "Serpa Preto". Muito querido por seus subordinados, tinha uma aparência peculiar: muito alto, usava grandes bigodes e costeletas e fumava cigarros de palha. Sempre muito interessado em política, era um ferrenho nacionalista, anticomunista e opunha-se à presença de capitais e costumes estrangeiros no país, acreditando que acabariam minando o Brasil. Era contrário ao alinhamento automático com as posições definidas pelos Estados Unidos. Não escondia suas opiniões, o que acabou lhe custando algumas punições disciplinares e finalmente a chefia do DGP.

Em 1988, seu nome chegou a ser cogitado pelo Partido da Mobilização Nacional (PMN) para concorrer no pleito presidencial de 1989, mas a agremiação acabou se decidindo por Celso Brandt. Como eleitor, apesar de divergências de cunho ideológico,  Serpa votou em Leonel Brizola no primeiro turno e em Luís Inácio Lula da Silva no segundo turno - as eleições acabaram sendo vencidas por Fernando Collor.

O General Andrada Serpa faleceu em 1996; para encerrar, matéria da revista Veja acerca de sua saida do DGP: 





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