quarta-feira, 1 de março de 2017

JJ ABDALLA E MAIS UMA GREVE NA FÁBRICA JAPI

Conhecida como Tecelagem Japy,  começou a funcionar no bairro de Vila Arens, em 18 de novembro de 1914, uma fábrica de tecidos pertencente ao então senador Antônio de Lacerda Franco. Estava instalada em uma área de cerca de 22 mil metros quadrados. 

A Japy (ou o Japy, como diziam alguns), começou fabricando sacos de estopa e depois tecidos para vestuário - fabricou tecidos para os uniformes dos revolucionários de 1932. Adoniran Barbosa foi um de seus funcionários.   
Abdalla
Em algum momento de sua história, passou às mãos de José João Abdalla, conhecido como J. J. Abdalla (1903 - 1988). Médico, Abdalla foi empresário nos setores industrial (cimento e têxtil, principalmente), financeiro e de construção civil. Envolveu-se na política, ocupando diversos cargos entre eles os de deputado e secretário de estado, muito ligado ao então governador Ademar de Barros. 

Notoriamente corrupto, grileiro, respondeu a mais de 500 processos por irregularidades empresariais, crimes contra a economia popular e desobediência às leis trabalhistas - costumava não pagar corretamente seus funcionários, tendo suas empresas passado por muitas greves, como a da Japy em 1958, noticiada pela Folha da Manhã em sua edição de 26 de setembro daquele ano. Era comum que seus funcionários recebessem parte de seus salários (quase sempre atrasados) em tecidos, que eram vendidos para que conseguissem algum dinheiro.

Foi preso nos anos de 1969, 1973 e 1975 e teve seus bens e empresas confiscadas em 1964, 1973, 1975 e 1976.

Em nossa cidade, além da Japy, foi dono de outras empresas, como a Argos, Frigorífico Guapeva e Moinho Jundiaí. 

Após o encerramento das atividades fabris, seu prédio foi ocupado por um supermercado da rede Disco, que pouco tempo durou. Mais tarde, uma empresa tentou lançar ali um conjunto de apartamentos, sem sucesso. 

A edificação encontra-se praticamente destruída, embora haja uma determinação da Prefeitura de Jundiaí no sentido de que sejam preservados um galpão restante e a chaminé da fábrica, cuja foto está abaixo.

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