sábado, 14 de janeiro de 2017

ESCRAVIDÃO, UMA TRAGÉDIA TAMBÉM EM JUNDIAI

A abolição tardia da escravidão é uma mancha que paira sobre o Brasil; fomos o último país das Américas a abolir essa prática hedionda. Além da privação da liberdade propriamente dita, a escravidão trazia toda a sorte de maus tratos e privações. Famílias eram separadas, qualquer possibilidade de educação ou evolução praticamente inexistiam - enfim, era uma situação absolutamente inaceitável.

Nossa cidade não ficou livre desse mal: o Prof Mauricio Ferreira tem em seu acervo este recorte da "Gazeta de Campinas" de novembro de 1874, dando conta da fuga do escravo Zeferino: desdentado, levando consigo um calça e uma camisa apenas, provavelmente movido pelo desespero deixara a Fazenda do Monteserrate (na região de Itupeva) em busca de algum alívio para seus tormentos. 

O jornal Correio Paulistano publicava em 1872 anúncio tratando da fuga de quatro escravos em nossa cidade: Christiano, Innocencio, Nicácio e Ildefonso, para cuja captura também era oferecida recompensa. Entre 1856 e 1862, um conto de réis (um milhão de réis) podia comprar  um escravo ou um quilo de ouro - a preços de hoje, seriam cerca de 120 mil reais -   o  anúncio oferecia uma recompensa de cem mil réis pela sua captura, ou cerca de 10% do preço do escravo. 

A escravidão não acabou, apesar de ilegal. Hoje  os traficantes de pessoas escondem suas vítimas e formam uma população de escravos oculta. Estimativas apontam que hoje em dia existam entre 12 e 27 milhões de pessoas que vivem como escravos pelo mundo todo. Na melhor das hipóteses, eles trabalham 16 horas por dia em troca de dinheiro que só é suficiente para se alimentarem mal e pagarem por uma cama para dormir. Na maioria dos casos são pessoas de outros países que se tornam reféns de exploradores que lhes dão condições de migrarem e os colocam para trabalhar afim de pagarem uma dívida que nunca acaba - aqui no Brasil são frequentes as notícias sobre bolivianos nessa situação, frequentemente trabalhando em confecções em São Paulo. Também em áreas rurais situações como essa persistem.

E o que podemos fazer para lutar contra esse mal? Observar e denunciar situações desse tipo.  E quanto a Zeferino, Christiano, Innocencio, Nicácio e Ildefonso - que fim teriam levado? 




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