segunda-feira, 8 de outubro de 2018

JUNDIAÍ E A REVOLUÇÃO DE 1924

A Revolução de 1924 foi o maior conflito ocorrido na cidade de São Paulo. Teve início na madrugada de 5 de julho e terminou em 28 de julho de 1924. A revolta foi motivada pelo descontentamento dos militares com a crise econômica, o atraso social e a concentração de poder nas mãos de alguns políticos.

Comandada pelo general reformado Isidoro Dias Lopes, contou com a participação de militares do Exército e da então Força Pública, hoje Polícia Militar. Os mais conhecidos foram Joaquim Távora (que morreu na luta), Juarez Távora, Miguel Costa, Eduardo Gomes e João Cabanas. O objetivo principal do levante era depor o presidente Artur Bernardes e implantar o voto secreto, a justiça gratuita e o ensino público obrigatório. 


Os revoltosos ocuparam a cidade por 23 dias, forçando o presidente (como era chamado o governador) do estado, Carlos de Campos, a fugir para o bairro da Penha, depois do bombardeio do Palácio dos Campos Elísios, sede do governo na época.  No interior do estado de São Paulo aconteceram rebeliões em várias cidades, com tomada de prefeituras.

A cidade de São Paulo foi bombardeada por aviões e pela artilharia do exército legalista (leal ao presidente Artur Bernardes), tendo sido atingidos vários pontos da cidade, em especial os bairros da Mooca, Brás e Perdizes, como mostram as fotos. 

Em nossa cidade, registraram-se vários episódios ligados à Revolução, especialmente por estar sediado aqui o então 2º GAM – 2º Grupo de Artilharia da Montanha, atual 12º GAC. 

Joaquim Távora, que participara em 1922 do levante do Forte de Copacabana, contra o mesmo Artur Bernardes, desertou do Exército e passou a preparar a revolução, tendo inclusive estado em nossa cidade, contatando militares do 2º GAM, que já no dia 5 de julho aderiu à revolta.

O elo com os revoltosos de S. Paulo era o  tenente intendente do 2º GAM, Joaquim Nunes de Carvalho; inquérito posterior à revolta afirmava que o mesmo "vivia em constantes viagens, a pretexto de desempenhar as funcções do seu cargo de intendente, mas, ao depois, se soube que elle fazia ligação entre a sua unidade e os demais nucleos preparadores da rebellião".

Assim que o GAM se revoltou, comandado pelo tenente coronel Olyntho Mesquita de Vasconcellos, foi dividido em duas partes, uma que ficou na cidade, protegendo-a dos legalistas, e outra que seguiu para São Paulo. O então 1º Tenente Newton Brayner Nunes da Silva, que comandava a parte que ficou em Jundiaí, convocou reservistas e simpatizantes a se apresentarem. Em seguida, organizou um contingente de 30 homens que seguiu para Campinas, cidade também revoltada, para protegê-la de forças legalistas mineiras.  

Militares de Jundiaí e Joaquim Távora levantaram o então 4º Regimento de Artilharia Montada,  de Itu, hoje  2º Grupo de Artilharia de Campanha Leve (2º GAC L), que aderiu à revolução no dia 8 de julho. 

Cedo os revoltosos perceberam que não conseguiriam manter S. Paulo por muito tempo, tendo decidido retirar-se para Jundiaí, o que acabou não acontecendo. Famílias mais abastadas, no entanto, saíram da capital e vieram refugiar-se aqui. Mesmo jundiaienses acabaram deixando a cidade: a família de meus avós, que residia no bairro das Pitangueiras retirou-se para o então remoto bairro do Castanho. 

Militarmente mais fracos que os legalistas, os rebeldes retiraram-se para Bauru na madrugada de 28 de julho. Com o fim do conflito na cidade, contaram-se as vítimas: entre 500 e 700 mortos e cerca de 5 mil feridos. A situação era dramática; a edição de 1º de agosto de 1924 do Jornal do Comércio trazia uma nota: "A Diretoria de Higiene Municipal pede, por nosso intermédio, às pessoas que souberem onde se encontram cadáveres não sepultados ou sepultados fora dos cemitérios, avisar, à mesma Diretoria, na Prefeitura Municipal".

Em Bauru,  Isidoro Dias Lopes ao ser informado de que o exército legalista se concentrava na cidade de Três Lagoas, no atual Mato Grosso do Sul, atacou aquela cidade, onde foi derrotado: um em cada três dos soldados revoltosas morreu, foi ferido gravemente ou capturado. 

Os sobreviventes juntaram-se a revoltosos vindos do sul, formando a Coluna Prestes, que até 1927 vagou pelo Brasil combatendo o governo. Muitos preferiram o exílio, como o comandante do 2º GAM, tenente coronel Olyntho Mesquita de Vasconcellos, que depois juntou-se à Coluna Prestes, com o posto de general.

Em 1930, quando Getúlio Vargas tomou o poder, os envolvidos na Revolução de 1924 foram anistiados, tendo muitos deles voltado ao Exército e à Força Pública. O Tenente Brayner chegou ao generalato, tendo como coronel comandado o 2º GO 155, hoje 12º GAC; em foto da época, ele aparece ao lado do arquiteto Vasco Antonio Venchiarutti, que foi prefeito de nossa cidade.



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