quarta-feira, 11 de maio de 2016

UMA ESCOLA QUE ORGULHAVA JUNDIAÍ




Houve aqui uma escola que orgulhava os jundiaienses do passado, a “Escola de Aprendizes Mecânicos na Companhia Paulista de Estradas de Ferro de Jundiahy”, mais tarde conhecida como “SENAI da Paulista”. 
Roberto Mange
Um dos maiores incentivadores à instalação de escolas como essa foi Roberto Mange, nome pelo qual era conhecido o suíço Robert Auguste Edmond Mange (1885-1955). Mange era formado em engenharia  pela Escola Politécnica de Zurique (1910) e chegou ao Brasil em 1913,  a convite do engenheiro Antonio Francisco de Paula Souza, diretor da Escola Politécnica de São Paulo, para lecionar Engenharia Mecânica naquela escola.

Foi superintendente da Escola Profissional de Mecânica do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo,  fundou o Instituto de Organização Racional do Trabalho (IDORT) e o  SENAI, tendo sido seu primeiro diretor, cargo que exerceu  até falecer.
Criada em 1934 (apesar de outras fontes afirmarem que já em 1901 havia em nossa cidade uma escola de aprendizes ferroviários), a maioria de seus cursos tinha a duração de quatro anos e eram compostos por disciplinas práticas e teóricas. Inicialmente, a escola ofereceu um curso   de “Escrituração Ferroviária”, com uma etapa de formação com a duração de três anos ao qual se poderia seguir um período de aperfeiçoamento de mais dois e um curso para mecânicos, compreendendo os ofícios de mecânico-ajustador, serralheiro e montador. Posteriormente, incluiu outras especializações como torneiros, caldeireiros, fundidores, modeladores-mecânicos e eletrotécnicos.
Os requisitos para preencher as vagas eram: ser maior de 14 anos e prestar exame de admissão em Língua Portuguesa, Geografia e História do Brasil, Aritmética e Geometria Prática - passando também por exames psicotécnicos, onde eram avaliadas aptidões naturais para a carreira.
As oficinas - à direita, ao 
fundo, o Politeama e a 
igreja de Vila Arens
O currículo apresentava principalmente matérias técnicas mas também matérias mais gerais, como por exemplo, “Noções de História da Civilização no Brasil”, Geografia Política e Comercial do Brasil”, “Educação Cívica e Moral do Aprendiz no seu Ofício Perante a Sociedade” e “Noções de Higiene do Ofício”. Era dada maior ênfase aos trabalhos práticos, sendo primordial a relação entre o ensino teórico e as atividades nas oficinas, que deveriam sempre permanecer conjugados; os alunos eram remunerados.
A Oficina de Aprendizagem em 1941
Nos dois primeiros anos, os alunos
frequentavam concomitantemente as aulas teóricas e a Oficina de Aprendizagem e, nos dois últimos anos, frequentavam a Oficina Geral. Suas atividades deveriam obedecer sempre ao princípio dos trabalhos metódicos e progressivos.  Chegamos a conhecer profissionais formados pela escola que ocuparam bons cargos em empresas como a IBM.
O jornal “Folha da Manhã”, em sua edição de 28 de novembro de 1936, noticiava a solenidade de formatura da primeira turma da escola, paraninfada pelo deputado Antenor Soares Gandra; foi oradora da turma a aluna Noemia de Felippe. Após a entrega dos diplomas, houve um baile, realizado na sede do Grêmio CP. Ainda em termos de formaturas, o jornal “O Estado de S. Paulo” noticiou que em 4 e 5 de janeiro de 1959 mais uma turma se graduara, tendo como orador o aluno Hercules Sagrillo e como paraninfo Armando Negro, instrutor chefe da escola.
É interessante comparar o que ofereciam essas escolas há oito décadas em relação ao que temos hoje no âmbito municipal e estadual, e até mesmo em algumas escolas privadas, com muitos alunos terminando o Ensino Médio (colegial) analfabetos funcionais.

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