domingo, 29 de março de 2020

EM 1939 A VIDA DOS POLICIAIS EM JUNDIAÍ DEVIA SER TRANQUILA...

Em 10 de janeiro de 1940, O Estado de S. Paulo publicava o balanço das atividades da polícia em nossa cidade no ano de 1939.

Foram 48 inquéritos (média de 4 ao mês!), com 8 furtos e roubos, um choque de veículos e 3 homicídios. Os suicídios, 8, foram muitos, mas chama a atenção o número de defloramentos e raptos e defloramentos: 6 - todos provavelmente com a anuência das "vítimas" - estupro estava classificado em categoria à parte...

Na atualidade, esses números provavelmente ocorrem a cada poucas horas... 

Naquela época, a Delegacia havia acabado de mudar-se do prédio da cadeia, no Largo de São Bento, para novas instalações na Rua Senador Fonseca.

quarta-feira, 25 de março de 2020

1912 - MAUS TRATOS LEVAM MULHER A FUGIR DE CASA

O Estado de S. Paulo, de 3 de novembro de 1912 noticiava que a polícia de nossa cidade encontrara a italiana Pasqua Violaro, de 33 anos, que fugira de sua casa em Campinas caminhando pela via férrea.

Pasqua declarou à Polícia ter deixado sua casa em função dos maus tratos que lhe infligia seu marido. Estava em nossa cidade trabalhando no Colégio Florence e disse ao delegado Silva Ramos que não pretendia deixar o emprego e voltar para casa.

Alguns dias antes, seu marido viera à nossa cidade em busca da mulher, que disse "ser alta e gorda" e que "sofria das faculdades mentais". O marido disse ter informações que a mesma estava em nossa cidade, e que na fuga pernoitara em Louveira.

Pobre mulher. Se na atualidade a situação das vítimas de maus tratos é difícil, imaginemos naquela época... Como teria terminado essa história?

segunda-feira, 23 de março de 2020

AS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS NA JUNDIAÍ DE 1939.

Nesses tempos de pandemia vale a pena relembrar os casos de doenças transmissíveis registradas pelo Centro de Saúde de nossa cidade em dezembro de 1939, conforme relatava O Estado de S. Paulo em sua edição de 10 de janeiro de 1940.

Foram 15 casos, sendo 9 de Febre Tifoide, que é uma doença bacteriana aguda, causada pela Salmonella enterica sorotipo Typhi, de distribuição mundial. 

A doença está diretamente associada a baixos níveis socioeconômicos, principalmente em regiões com precárias condições de saneamento básico, higiene pessoal e ambiental. Se não tratada adequadamente, a Febre Tifoide pode matar - pessoas de minha família morreram nos anos 1910/1920 aqui em Jundiaí, onde praticamente não existiam esgotos.

Nesse contexto, a Febre Tifoide está praticamente eliminada de países onde esses problemas foram superados. No Brasil, a doença ocorre sob a forma endêmica em regiões isoladas, com algumas epidemias onde as condições de vida são mais precárias, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. 

Uma curiosidade: na época, o Centro de Saúde ficava na Rua do Rosário, 27; pela numeração, provavelmente ficava ao lado do antigo quartel. 

quarta-feira, 18 de março de 2020

JOSÉ LOPES DA FONTE - UM ALFAIATE JÁ BEM CONHECIDO NA JUNDIAHY DOS ANOS 1870

A Gazeta de Campinas anunciava em 1872 que  José Lopes da Fonte estava abrindo uma loja naquela cidade, onde venderia tecidos e manteria uma oficina de alfaiataria.

O anúncio dizia que o alfaiate era "já  bem conhecido no Rio de Janeiro, S. Paulo e Jundiahy" e convidava as "pessoas de gosto e economicas" a visitarem o estabelecimento. 

E em Jundiaí, onde teria se estabelecido? 

segunda-feira, 16 de março de 2020

1957: OCORRÊNCIAS ENVOLVENDO ÔNIBUS ESTAVAM NA MÍDIA

Em sua edição de 12 de maio de 1957, o jornal "O Estado de S. Paulo" relatava dois acidentes ligados a ônibus em nossa cidade.

No primeiro deles, acontecido no dia 6, um ônibus que vinha de Itatiba teve problemas mecânicos e acabou se chocando contra um barranco, ferindo uma pessoa.

No segundo, acontecido no dia 5, uma passageira de um ônibus que ia para a Vila Rami "atirou-se" do veículo, na Av. Dr. Olavo Guimarães, também ficando ferida.

Como curiosidade, aquela edição tinha 128 páginas! Essa marca provavelmente jamais voltará a ser atingida por qualquer jornal impresso. 

segunda-feira, 9 de março de 2020

1959: A CADEIA SERIA INAUGURADA, MAS FALTAVAM RECURSOS PARA A POLÍCIA

A Folha da Manhã, em sua edição de 26 de março de 1959, tratava do final da construção da cadeia, que estava sendo erguida no bairro do Anhangabaú e que substituiria a antiga, situada onde hoje está o Fórum.

O que chamava a atenção na matéria era a falta de recursos de nossa Polícia: contávamos à época com cerca de cem mil habitantes e a Polícia trabalhara com cerca de 400 processos (inquéritos? ocorrências?).

Faltavam recursos humanos (dois escrivães e um escriturário) e equipamentos como máquinas de escrever. Mas o problema mais sério era  a falta de viaturas: a que existia estava imprestável e eram necessários um carro de presos, um jipe e uma perua; provavelmente estava apenas disponível o velho "carro 13", da Guarda Municipal. 

Será que a situação melhorou muito?????


folha da manha 26 março 1959

sábado, 7 de março de 2020

CRIMINALIDADE INFANTOJUVENIL E REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL?

Hoje em dia quando se discute a criminalidade infantojuvenil e a redução da maioridade penal, vale a pena recordar duas notas publicadas pelo jornal  "O Estado de S. Paulo" em sua edição de 18 de agosto de 1911: 



Pode-se ver que os problemas que vivemos hoje não são tão novos assim: 10 e 12 anos, nomes no jornal e presos - um por vagabundagem e outro por furto! O que teria acontecido a esses meninos depois?  

terça-feira, 3 de março de 2020

A ESTRADA DE FERRO YTUANA, A ESTAÇÃO E A FAZENDA MONTSERRAT

O trecho Jundiaí-Itu da Companhia Ytuana de Estradas de Ferro foi inaugurado em 1873; esse trecho, desde 1892 operado pela Estrada de Ferro Sorocabana, esteve ativo até  20 de fevereiro de 1970, após o que os trilhos foram retirados - eles passavam   onde hoje está a avenida União dos Ferroviários, ao lado dos antigos escritórios e oficinas da Cia. Paulista. O trecho   ao longo do rio Jundiaí até Itaici era muito bonito, com várias pequenas cachoeiras que podiam ser vistas do trem. 

Uma das estações da linha era a de Montserrat, à época situado em território jundiaiense, que, ao que parece, foi construída  como resultado de um acordo entre os fazendeiros da região e os diretores da Ytuana, como mostra o artigo publicado no jornal A Provincia de S. Paulo  em 21 de agosto de 1884 e que pode ser visualizado aqui. A foto acima, provavelmente dos anos 1960, mostra um acidente próximo à estação.

Havia no lugar uma fazenda com o mesmo nome, que desde 1911 era propriedade de  Luiz Carlos Berrini, um famoso engenheiro que hoje dá nome a uma importante avenida em São Paulo. Berrini fez construir na fazenda um sistema de captação de água de nascente, que era levada a um reservatório construído  no alto de um morro, de onde descia por gravidade com grande força, abastecendo a sede, as casas dos empregados e casas da estação da estrada de ferro.  Existia também uma rede elétrica que distribuía energia a todas as partes da fazenda; essa energia essa fornecida pela usina da Empresa de Força e Luz de Jundiaí, situada bem próxima à casa sede da fazenda. 

Outro personagem importante foi Vicente Tonolli, nascido na   Itália em 1872 e que, aos aos 26 anos de idade emigrou para o Brasil, chegando no final de 1898 junto com três irmãos, estabelecendo-se todos em Itupeva, onde, junto à estação da  Ytuana, montaram um armazém. Vicente comprou em 1917 outro armazém junto à estação de Montserrat e dois anos depois comprou também a Fazenda que pertencera a Berrini; a propriedade ocupava uma faixa de terra comprida e estreita  de cerca de 8 quilômetros, na margem esquerda do rio Jundiaí, junto aos trilhos da estrada de ferro.





Nessa época a propriedade contava com inúmeras benfeitorias tais como sede, as antigas senzalas, um pomar com três alqueires de pomar, 25.000 m2 de terreiros de café, estufa, tulha, linha férrea particular onde corriam as vagonetas levando café do terreiro até a estação da Ytuana. Essa linha particular era do tipo Decauville, com pequenas locomotivas e vagonetas e com trilhos que podiam facilmente ser instalados e os traçados modificados - a imagem ao lado mostra uma dessas linhas.

Em 2014, um incêndio, provavelmente
criminoso, destruiu boa parte da sede da fazenda. O incêndio teria sido provocado por usuários de drogas que frequentavam local, que estava fechado.


Entre esta estação e a seguinte, Quilombo, existiam duas usinas no rio Jundiaí, que alimentavam a fazenda Ermida, a maior delas com duas turbinas. 



A foto abaixo mostra a plataforma da estação de Montserrat em 2013; hoje, quase tudo isso é saudade...