Sempre tivemos vigaristas em ação. Em nossa cidade, isso não foi ou é diferente.
Segundo a Folha da Manha de 22 de junho de 1938 e o Correio Paulistano de 22 de julho do mesmo ano, o agente consular italiano em nossa cidade, Estevam Campanaro, recebeu um telegrama avisando que no dia seguinte receberia a visita de um alto funcionário do Ministério do Exterior da Itália.
Nessa época, sob Mussolini, a Itália e seu governo gozavam de muito prestígio entre os italianos e seus descendentes que viviam em nossa cidade - basta lembrar a recepção que teve o cônsul geral da Itália quando visitou nossa cidade.
No dia seguinte, apresentando-se como "Dr. Ernesto Bonfanti", chegou o tal funcionário a Jundiaí. Campanaro havia reunido para recebe-lo alguns expoentes da colônia italiana em nossa cidade: Hermes Traldi, Guido Pelliciari e Alfredo de Vito.
Bonfanti declarou estar encarregado pelo governo italiano de coletar fundos para a construção de uma certa "Casa dos Italianos" em Roma; prontamente foi atendido: Traldi entregou-lhe um conto e quatrocentos mil réis e de Vito um conto, tudo em dinheiro vivo. Pelliciari, deu um cheque pré-datado de um conto e quinhentos mil réis. Para se ter uma ideia dos valores envolvidos, em 1938 o automóvel Ford mais barato vendido no Brasil custava cerca de quinze contos.
Mais tarde, Campanaro acabou descobrindo que Bonfanti era um vigarista, e conseguiu a sustação do cheque; José Pacheco de Freitas foi detido ao tentar desconta-lo e informou ter recebido o cheque de Menotti Marcaccini, proprietário do "Recreio Balneário Hotel" em São Vicente, como pagamento por serviços prestados - ao ouvir Marcaccini, descobriu-se que este era o próprio Bonfanti...
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