segunda-feira, 14 de março de 2016

COM ELOY CHAVES, A ENERGIA ELÉTRICA CHEGA A JUNDIAÍ

Chaves na maturidade
Eloy Marcondes de Miranda Chaves (1875-1964) nasceu em Pindamonhangaba; criança ainda foi viver no Equador, onde o pai, diplomata, era o Cônsul Geral do Brasil. Graduado em Direito,  chegou a Jundiaí em 1897, para assumir o cargo de promotor, transferido de São Roque. Em 1898 casou-se com Almerinda Mendes Pereira,  de tradicional família de nossa cidade; tiveram dois filhos, Vail Chaves e Antonieta Chaves Cintra Gordinho.
Muito cedo,  renunciou ao cargo de promotor e enveredou para a política, elegendo-se vereador e depois deputado federal pela legenda do Partido Republicano Paulista – PRP. Foi secretario estadual da Justiça e da Segurança Pública e criou a  “Lei Eloy Chaves”, de 24 de janeiro de 1923, instituindo a primeira Caixa de Aposentadoria e Pensão dos Ferroviários, a base da política previdenciária nacional, da qual resultaria o atual INSS – Eloy é chamado “O Pai da Previdência Social”. 
Foi também empresário e um dos responsáveis pela chegada da energia elétrica a Jundiaí; em discurso de 1960 contou ele que:
O Solar do Barão e o Largo da Matriz, já com luz
“... a instalação de eletricidade em nossa terra nasceu no correr de uma festa realizada nos fidalgos salões (Solar do Barão) de um jundiaiense ilustre – o Sr. Francisco de Queiroz Telles. No decorrer da seleta reunião, dois ilustres engenheiros, o Dr. Edgard de Sousa e Aguiar de Andrade, o primeiro recém-chegado da Bélgica, onde fizera brilhantes estudos que o autorizaram a entrar em alta função da Light and Power, que iniciava então em São Paulo os seus grandiosos projetos. Chegaram a uma das janelas da velha mansão, que dá para o largo da Matriz, e, vendo a luz bruxoleante dos vetustos lampiões que escassamente iluminavam a cidade – se dirigiram a mim e indagaram porque em Jundiaí não se havia ainda cogitado da instalação da luz elétrica na cidade. Perguntei em réplica aos meus interrogadores se estavam dispostos a formar, com elementos de prol da cidade, uma empresa que levasse avante o grande melhoramento. Acolhida a ideia com entusiasmo, formou-se a Empresa denominada Luz e Força de Jundiaí.”
Em 1904 empresa recebeu autorização para funcionar, e assumiu o compromisso de instalar inicialmente a iluminação pública: seriam 250 lâmpadas de 32 velas (!) em postes de ferro espaçados entre 35 e 40 metros instalados na rua do Rosário, entre o Largo de São Bento e a rua Cândido Rodrigues e na rua Torres Neves, da estação da Companhia Paulista de Estradas de Ferro ao centro da cidade – essa era a rua que dava acesso ao centro da cidade àqueles que chegavam a Jundiaí pelos trens da Paulista. Nas demais ruas a Empresa poderia empregar postes de madeira, nunca inferiores a quatro metros de altura.
A Matriz em 1910
Foram também beneficiados a Câmara Municipal, a Matriz e o Hospital São Vicente; em cada um desses locais seria instaladas dez lâmpadas de 16 velas (!). O Largo da Matriz e o Jardim Público também seriam iluminados.
Em 3 de novembro de 1905, o sistema foi inaugurado; A partir dai, o processo foi se acelerando, inclusive com a construção de pequenas hidrelétricas no rio Jundiaí; consta que houve também  uma usina térmica. A empresa foi vendida à Light em 1927.
Eloy Chaves, Sousa e Andrade acabaram por tornar-se grandes empresários na área de geração e distribuição de energia; Souza dá nome à Usina Hidrelétrica Edgard de Sousa,   localizada em  Santana de Parnaíba.
A Fazenda Ermida na atualidade
Chaves foi também proprietário de diversas fazendas, entre as quais a  Ermida (adquirida em 1905)  e  por algum tempo o principal acionista do extinto Banco do Commércio e Indústria de São Paulo S.A. (Comind), maior instituição financeira privada do Brasil na primeira metade do século XX e o maior operador brasileiro no comércio internacional de café,  da Cia. Cerâmica Jundiaiense (fundada nos anos 1920 e vendida ao grupo Itaú em 1968). Em 1915, associado com o empresário português Antônio Cintra Gordinho e com o engenheiro alemão Hermman Braune, constituiu a Cia. Ermida de Papel e Celulose, hoje Bignardi Papéis,  a maior fabricante brasileira de papel reciclado.
Em 1910, em sociedade com Olavo Guimarães, comprou a Companhia Jundiahyana de Tecidos e Cultura S.A., cujo nome foi alterado para   S.A. Industrial Jundiahyense. Em 1940 vendeu a empresa, que passou a chamar-se Companhia Fiação e Tecidos São Bento S.A.

Finalizando, Chaves teve alguma ligação (que não conseguimos identificar) com o Gymnasio Hydecroft, instituição de ensino que funcionou durante algum tempo em nossa cidade, como mostra a notícia ao lado, publicada no jornal O Estado de S. Paulo de 7 de fevereiro de 1909. Teria ele investido também na área de educação? 

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